terça-feira, 27 de novembro de 2012

É como andar de carro...

É engraçado como parece que as aulas teóricas na auto-escola simplesmente adoram aquele terrorismo psicológico para "conscientizar" futuros motoristas contra acidentes.
Mas foi nessas aulas que percebi o terrorismo que eu muitas vezes aplico a mim mesma.
Diz a regra: ao avistar um obstáculo a frente, foque na rota de fuga, não no obstáculo em si. Dã, óbvio, né.
Será?
Na direção, minha primeira reação ao ver um buraco: "Lá vem o buraco, lá vem o buraco, lá vem o buraco, desvia, lá vem o buraco, lá vem o buraco, lá vem o buraco...". O medo de cair no buraco sem não conseguir ignorar que ele está ali não me deixa pensar claramente na rota de fuga.
Resultado: "Vai acabar com o amortecedor desse jeito, Grazielle!"
E quantos buracos será que o carro ainda aguentaria? Quantas vezes ainda precisaria passar ali até aprender que desviar é preciso?

Sinceramente, não quero saber das respostas. Só quero cuidar bem desse carro. Tem tantos lugares e coisas incríveis pra se ver além do buraco... Pra quê insistir em testar o amortecedor?

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Essa Tal de Carência

Não sei vocês, mas acabei percebendo essa minha necessidade de estar entre pessoas.
Sempre gostei da ideia de ser auto-suficiente, de ter minhas coisas, meu espaço e realmente apreciar a solidão. Gostava tanto, que minha adolescência inteira se resumiu em simplesmente estremecer ao sequer pronunciar a palavra "carência". Até um dia acreditei que eu nunca ia gostar de cafuné.
Hoje percebo essa carência em mim, com alguma surpresa e inicial relutância. Mas não tem jeito. Gosto de ser cuidada sim, gosto de atenção, adoro que me escutem e me permitam compartilhar com amor e interesse todas as minhas ideias loucas. E quem não gosta?
Mas não me sinto uma carente egocêntrica. Prefiro muito mais suprir essa carência cuidando dos outros, ouvindo histórias, pensando em formas para surpreender e alegrar as pessoas.
Cuidar dos outros também é uma forma de cuidar de si mesma. Não existe alimento melhor pra alma do que se sentir útil num sorriso alheio.
Parece que, finalmente, não enxergo minha carência como algo ruim. Faz parte essencial dessa pessoa nova que cada dia descubro mais em mim.
Mas, por outro lado, tenho o desafio de fazer com que o meu próprio colo, minhas próprias palavras e meu próprio silêncio sejam minhas melhores companhias sempre.
Prazer, meu nome é Grazi.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Castelo

Admiro muito o poder do "re". Recomeçar, refazer, regenerar, renovar. Para por um fim é necessário coragem. Não é fácil admitir que todo o esforço, todo cuidado e amor não mantém mais o castelo de areia de pé.
Mas esse fim é incompleto e perde sua função sem um recomeço. E não
tentar recomeçar o mesmo castelo que o mar ou você mesmo destruiu. É começar do zero, repensar o que passou, repensar as atitudes. Se reconstruir.
Essa reconstrução pode levar tempo. É dói. Ah, dói. Dói ver que nem
querendo o castelo vai voltar a ser o que era. A reavaliação interna é tamanha que os mais diversos questionamentos aparecem. O maior deles, sem dúvida, é se perguntar se realmente havia um castelo ali. Ele era realmente tão grandioso? Esse mesmo que só uma ondinha levou?
As respostas também podem levar tempo a chegar. Mas só o questionamento já  traz por si só a maior resposta de todas, que você na verdade nunca
sequer perguntou pra saber: o maior castelo, o castelo de verdade, está dentro de você.
E agora, mais do que um castelo, ele é uma fortaleza.