domingo, 31 de março de 2013

A Cruz

Pessoalmente, o ambiente silencioso de uma igreja faz bem para ir ao encontro de mim mesma. Mas não consigo evitar me sentir meio triste ou até culpada ao olhar pra imagem de Jesus na cruz. Ele sangrando com as mãos e pés pregados, e eu aqui reclamando das coisas que não são do jeito que eu gostaria.
Daí que fiquei me perguntando por quê morrer na cruz... por quê raios dizem que ele fez isso por mim. Eu não queria ver nem ele nem qualquer outra pessoa passando por isso. E ainda mais morrendo com uma mensagem tão bonita a ser repassada.

Mas será que eu (assim como todos os seres humanos que nasceram em 2013 anos) valorizaria tanto essa mensagem de amor ao próximo sem uma morte dessa maneira? Sim, é triste, mas vai ver a mensagem dele precisava ser marcada com sangue para que fosse marcada de verdade na alma da humanidade.
Da cruz dele, agora percebo a minha cruz. Vai ver eu também preciso passar por ela, e sofrer, e chorar, e birrar, pra que uma mensagem maior do que a minha compreensão atual seja gravada em mim. 
As coisas não podem ser sempre do meu jeito; graças a Deus. As coisas devem ser do jeito que precisam ser. Do jeito que eu preciso. Do jeito que só Ele sabe o quê é necessário para eu conseguir conquistar o melhor de mim.
Que nem Ele sabia pra esse grande cara aí na cruz.

domingo, 24 de março de 2013

Chimarrão Paulista

Como bom gaúcho, de sangue ou de coração, chimarrão normalmente é sinônimo de uma boa conversa e uma bela roda de amigos.
Já aqui em São Paulo, sem a tradição, chimarrão pra mim tem sido bem combinado com momentos tranquilos de solidão e introspecção. Erva-mate e água quente amansam meus pensamentos que só então se permitem condensar em palavras, como nesse exato instante.
Mas ao levar esse instante para além do meu quarto...
Qualquer bom paulista tem motivos pra achar no mínimo diferente alguém caminhando e tomando algo de "canudinho", abraçado numa garrafa térmica. E só através desses olhares curiosos que percebi que o chimarrão me lembra do próprio Rio Grande do Sul em mim.
Que olhem, que estranhem. Isso faz parte de mim. Sou paulista, paulistana, falo "meu" e falo "brigadeiro". Mas também falo "bah", falo em tom cantado e tomo chimarrão.
Com o barulhinho da água acabando na cuia, reafirmo que 6 anos na linda Porto Alegre não foram em branco: esses anos estão marcados em mim, e encho a minha cuia em honra a eles.
Servidos?

terça-feira, 19 de março de 2013

De Vô para Neta

- Que legal essas fotos tuas pescando no Pantanal, vô.
- Ah, essa turminha era demais mesmo. 1986.
- Um monte de peixe e também um monte de homem, né! Só os cuecas.
- Mas claro, mulher não pisava o pé lá. A gente que carregava!

terça-feira, 12 de março de 2013

O Muro

E essa proteção que a gente cria...
É auto-preservação? Auto-conhecimento?
Ou medo de se envolver de verdade?

segunda-feira, 4 de março de 2013

Inesgotável

Sendo amigo de longa data ou recém-conhecido, uma hora ou outra sempre acabam me perguntando "daonde raios tu tira tanta energia?".
Entre pulinhos e gestos exagerados típicos da minha expressão, deixo a resposta no ar.

Acho que essa energia vem de um fonte pessoal e infinita dentro de mim. É uma fonte que se alimenta da consciência de que cada momento é único. Dessa consciência, vem uma ânsia que, intensa como um choque, exige que cada momento tenha uma marca, sem deixar passar nada em branco. 
Cada segundo não vai ser repetir. Então pra quê deixar minha energia se esvair e deixar o momento escapar junto com ela?
Só me resta canalizar tanta energia.
Pular? Dançar? Conversar até perder a fala? Ficar parada num canto fazendo caça-palavra?  Que seja. É o meu momento único.
Como vou querer me lembrar dele?