sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ao Máximo

Quem me conhece ou já leu algo do meu blog sabe que a intensidade é uma parte importante da minha personalidade. E dá pra afirmar que, de certa forma, por muito tempo ela também foi um estilo de vida pra mim. Sempre quis viver e aproveitar ao máximo cada momento da minha vida, totalmente entregue às minhas emoções.
Sou muito grata a todos os momentos intensos que vivi, sejam eles extremamente deprimentes ou incrivelmente felizes. No fim, tudo é lição.
Mas justamente por ter aprendido alguma coisa, hoje parei pra pensar. Cara, minha vida inteira parece ter sido um teste de quantas pessoas, lugares, sentimentos e experiências cabem num coração só. É tanta coisa que me sobrecarrega se fico pensando demais sobre isso, sabe.
Mas respiremos fundo pra continuar. 
Os momentos que fizeram com que eu reconstruísse meus valores e expandisse minhas ideias foram aqueles de equilíbrio. Sóbria, de olhos abertos e sentidos aguçados, foi mais fácil interpretar os sinais que me indicavam o caminho a ser seguido e todas as maravilhas em volta dele. Embriagada das minhas emoções, o coração batia forte, mas deixava a visão turva e e não me permitia ver qualquer coisa que fosse além da dor, da raiva, do amor ou da euforia que eu sentia.
E sentir por sentir... isso já conheço.
A novidade pra mim hoje é o sentir consciente."Aproveitar ao máximo" ganhou um novo significado pra mim. De verdade, o tal "máximo" não acontece no campo dos meus sentimentos, e sim na minha percepção. 
Com consciência desperta, sou capaz de entender a mim mesma e tudo à minha volta com um bem-estar que vai além de qualquer sentimento ou emoção momentânea. É como ter estado cara a cara com Deus a sua vida toda, e só agora você consegue tirar a venda que cobria seus olhos.
E enxergar.
Sou então meu verdadeiro eu.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Coração e o Verbo

Meu coração virou pedra de uns tempos pra cá, é isso?
Não sei dizer...
Ainda choro assistindo Notting Hill pela septuagésima vez.
"I'm just a girl, standing in front of a boy, asking for him to love her."
Adoro ouvir o carinha lindo-tudo-de-bom dizendo meu nome, em qualquer contexto.
"Tudo bem, e com você, Grazi?"
Fico babando nas mãos do Thiago Lacerda segurando o rosto do parzinho dele na novela das seis.
"Ninguém pode nos separar, Célia. Nunca."
Comemoro com palminhas de emoção quando uma amiga se apaixonada. E é correspondida.
"Grazi, calma. Até parece que é você que tá curtindo ele."
Mas... 
Não me derreto mais só porque um cara me trata que nem princesa.
Na verdade, ultimamente prefiro que me trate mais como mulher.
Não me encanto mais por um rostinho bonito. Me pego procurando o que se esconde por trás de cada sorriso.
E não me apaixono mais cegamente. Mantenho olhos bem abertos, quase com medo de piscar e acabar perdendo algum detalhe.

E vai ver tudo bem se sentir assim. 
A gente muda um pilar, uma parede  ou um tijolo de lugar, e toda a construção pode se transformar em algo bem diferente. 
Não tem como aprender a lição a partir de uma experiência sem gerar mudanças. E mudanças que às vezes podem comprometer estruturas de valores que aparentemente não tem nada a ver com isso. 
Mas tudo isso sou eu. Algumas certezas, umas tantas incoerências, várias contrariedades.
Até que a contrariedade se contrarie. E eu aprenda ainda mais. E mude de novo e de novo e de novo.
Sou a cada dia mais verbo e menos substantivo.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Carta ao Encantado

Querido Príncipe Encantado,

É só eu relaxar pensando que estou tranquila de novo, que você vem e coloca um monte de caraminhola na minha cabeça. 
E eu ainda acredito...


Fica dizendo que vai entender as minhas loucuras e me acompanhar nas minhas aventuras.
E que vai me provar que o cara que gosta de ler e dançar comigo realmente existe.
Mas na hora que eu chamo teu nome durante o sono... cadê?
Então você se desculpa, diz que tá demorando mais do que achava. Mas que é tudo só pra me encontrar no final.
E me pede pra esperar tranquila, que já tá a caminho.
Mas quando a festa termina, e só o que sobra é o calo no meu pé e a sujeira pra limpar... cadê?
Daí quando eu viro as costas, decidida a ir embora, você pega minha mão e me derrete: "vai desistir tão fácil assim de mim?".
E se a frustração transborda dos meus olhos cansados de te procurar, você toca aquela música que não me deixa esquecer de como é bom sonhar com você.
Mas quando abro os olhos pra realidade... cadê?

Cansa acreditar em algo que tá sempre inventando desculpa, Encantado.
Então pode tirar o cavalinho da chuva, larga essa pose toda e vire homem.
Porque eu já cansei de engolir sapo.
Eu mereço bem mais do que isso.
E é nisso que eu escolho acreditar agora.

sábado, 7 de dezembro de 2013

"Ogros são como cebolas; nós temos camadas!"

... disse aquele ogro verde e gordo. E dou toda a razão a ele, inclusive em relação a nós humanos que passam longe de qualquer animação de contos de fadas. 
A gente se esconde por trás de muito orgulho, muita pose, muita ostentação. Mas essa fachada uma hora cai, e a gente cai junto. Tudo por causa de besteira, na real. Então levanta, mantém o queixo erguido e sai andando como se nada tivesse acontecido, certo?



Mas quando bate a crise de ansiedade ou aquela sensação de que você é a última bolacha do pacote, fica difícil ignorar nossas inquietudes, medos e dúvidas. Mas ainda é tudo besteira, certo? Não merece atenção. Então deixa eu me empanturrar de chocolate, beber até cair, perder meus sentidos e esquecer que sequer um dia me senti daquele jeito.
E, claro, você é livre pra fazer tudo isso. Pode entorpecer seus sentidos, perder a noção de si mesmo, esquecer da vida... mas teus sentimentos mais profundos não esquecem de você. Porque eles nunca deixam de existir assim. Eles sempre vão voltar a te tirar o sono.
Então, uma hora ou outra, a gente também tem que se sentir livre pra parar, mandar o mundo em volta calar a boca, olhar pra dentro e se perguntar honestamente:
"E aí, como que você tá hoje?"
E se escutar com cuidado.
"Tenho medo de ficar sozinha."
"Não me acho boa o bastante pra isso."
"Não acho que mereço ser feliz assim."
"Eu gosto de ficar triste, e daí?"
Me espanto com as respostas que meu coração me dá, que variam muito de acordo com o dia. Mas depois que aprendi a ouvi-lo, também aprendi que ignorá-lo dói muito mais.
Porque tudo bem ter medo. Tudo bem não se achar merecedor do que você deseja. E esses sentimentos merecem atenção sim. Acima de tudo, eles merecem receber a luz de aceitação e perdão que brilha do teu centro, através de todas essas camadas, a partir de quem você é de verdade. 
Você é maior que tudo isso. Por dentro, nesse centro, somos todos perfeitos. Na verdade, talvez a maior besteira esteja em pensar que somos imperfeitos; que somos os nossos medos, as nossas inseguranças ou as nossas fraquezas. Não somos. Somos o quê nos mantém de pé. Somos o quê nos faz acordar todos os dias de olhos e coração abertos.
Eu sou a minha esperança.
Eu sou a minha intensidade.
E sou a minha persistência.
Eu sou o meu amor.



quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Replicando

Tem coisa mais triste do que querer replicar um relacionamento em outro? Soa ridículo pra mim. 
Cada pessoa, relação e circunstância são únicos. Não se repetem. Não devem ser comparados. 
Ainda assim, acabo comparando. Porque baseio minhas expectativas nas experiências que me remetem a um momento ou a uma pessoa que me fez feliz. Imagino minha felicidade a partir do que já conheço e me é familiar. E sim, a gente se ilude achando que o quê a gente conhece é mais certo, seguro e garantido. Sem surpresas, mas confortável.
Daí fica difícil se permitir conhecer o novo, se surpreender e se libertar do que te limita.

Vai ver o jeito é mudar a base, a referência de felicidade. Porque, pensando bem, o quê todos meus momentos felizes tiveram em comum foi eu mesma. 
Todos os homens que passaram pela minha vida foram um reflexo desse meu estado de espírito que se manifestou de maneiras diferentes com cada um. E quantas maneiras diferentes! Isso só enriquece, me fortalece e me mostra as infinitas possibilidades dentro de mim mesma. 
Minha felicidade maior está em mim.
Qualquer coisa que vá além do potencial que agora começo a reconhecer em mim não deve gerar qualquer tipo de expectativas, sejam elas altas ou baixas. No fim das contas, só posso contar com a certeza de que nunca vou desistir de me fazer feliz.  O peguete, o ex, o cara que eu vou apresentar pra minha mãe... bem, participem da minha vida como bem preferirem. Não importa a circunstância, a pessoa ou a relação; vou sempre sorrir e agradecer pelo que for que me proporcionaram. Liberto todos vocês, ao mesmo tempo que me reservo o direito e a responsabilidade integral e vitalícia de me fazer feliz.

sábado, 26 de outubro de 2013

Impulso

Cresci tentando aprender a não ser impulsiva. "Impulsividade é coisa de gente irresponsável", dizia minha voz ditatorial interna, "Devemos pensar e repensar atitudes, para então trazê-las à ação."
Será?
De quais atitudes estamos falando? Quais impulsos? Até que ponto esse pensar e repensar pode estar nos restringindo de perseguir o quê realmente desejamos?
Minha voz essencial mais profunda me diz o contrário: "não pensa; sente."
Mas sentir de verdade. Fazer calar todas as outras vozes, vozes dos outros, vozes que nos calam, vozes que não correspondem com a nossa essência de amor e carinho para com nós mesmos. Sentiu? Agora sim. Pode deixar fluir, persegue, busca. Vai até o fim.
Porque esse não é mais um impulso de qualquer falsa crença tua ou de outra pessoa. Não é um impulso do teu orgulho. Não é um impulso do teu ego.
Esse é o impulso que realmente segue seu propósito maior: impulsionar, pra cima, pra frente, pro mundo. 
Pro universo.

domingo, 20 de outubro de 2013

É Como Andar de Bicicleta (Parte 2)

Algum tempo atrás, soltar as duas mãos do guidão da bicicleta era como superar um medo. Na época, consegui soltar uma mão apenas ou ficar alguns míseros segundos com alguns míseros centímetros entre as minhas mãos e o controle da bicicleta.
Hoje resolvi tentar de novo. E, longe de qualquer medo, me diverti. Sem as mãos. Cair de cara no asfalto? Bater em alguma árvore? Que nada. 
Foi como houvesse a mão de uma outra pessoa guiando a bike pelo caminho certo, como meu pai fazia ao me ensinar a andar sem rodinhas. Enquanto eu continuasse pedalando, o destino era certo.
Entreguei o guidão ao vento para finalmente ter minhas mãos livres.
E abracei o mundo. 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

"Quem é essa vaca na página dele?!"

Atire a primeira pedra quem nunca teve uma crise de ciúmes.
A pessoa mais patética ou a atitude mais inocente, de preferência no dia mais inconveniente, pode desencadear as reações mais explosivas ou irracionais em relação ao seu parceiro. Injustificado? Sim, pelo menos aos olhos de quem não vê o que se passa por dentro de um coraçãozinho.
O ciúme é a nossa insegurança refletida, nos lembrando de que não nos achamos tão bons quanto gostaríamos de ser e de que nosso parceiro poderia se interessar por algo supostamente melhor. Como já disse uma amiga minha outro dia, citando Milôr Fernandes, "tudo é um reflexo".
Por outro lado, infelizmente, ainda parece que tem gente por aí acreditando que ciúme é sinal de amor. Observando friamente, acho ciúme um sinal de falta de amor, do amor próprio. Nem sempre é fácil acreditar de que somos merecedores de todo amor que temos na nossa vida. Sendo que, na verdade, você é bom o bastante pro amor SIM e tem a capacidade infinita para ser tudo que sempre sonhou pra você e pro seu parceiro. Só reconhecendo nosso próprio potencial é que então poderemos realizar o amor também com nosso querido. A fonte do amor é a mesma, só muda o destino.
A troca, que é marca de qualquer relacionamento feliz, só acontece se somos capazes de abraçar o amor que nos é dado. E só seremos capazes de abraçar esse amor externo se o nosso próprio estiver agindo dentro de nós mesmos.
Mas novamente, aquecendo meu coração e meu ponto de vista, quem sou eu pra dizer que tenho um amor próprio infalível. 
Então bloqueiem ex-namoradas no facebook. Fechem a cara quando ele dizer o nome dela. Evitem pensar que ele já amou outras antes de você.
Mas comecem a cuidar de vocês mesmas também.
Amem-se para não só merecer, mas acima de tudo ter todo o amor do mundo na sua vida.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A Ideia

- Sei lá, mesmo depois de tanta merda que a gente passou... Tenho medo de ainda estar apaixonada por aquela sensação intensa... a ideia daquela felicidade que eu sentia ao lado dele.
- Querida, um dia você vai encontrar o amor da sua vida. Não uma ideia, mas uma realidade. E você vai entender que você não precisa se sentir uma merda, mesmo que de vez em quando, pra se sentir mais feliz do que jamais se sentiu na vida.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Believer

Eu sei que já parti algum coração.
Sei que já despedaçaram meu coração.
Sei desse sentimento de não querer amar de novo.
Sei desse sentimento de sequer se achar capaz de amar de novo.
E também sei da minha tendência de voltar pro início do texto e seguir o ciclo de partir-remendar coração.
Mas já faz tempo. Tempo o bastante.
Eu descobri que sou outra pessoa. 
Descobri que sou melhor do que o espelho me dizia todo esse tempo.
Descobri que meu valor é inestimável.
Descobri que, mesmo depois de tudo isso, nunca deixei de merecer amor na minha vida.
E também descobri que nunca faltou amor à minha volta.
Mas eu quero mais. Eu posso mais.
Ainda acredito num amor puro.
Ainda acredito no cara que vai estar comigo pra superar tudo que se colocar no nosso caminho.
Ainda acredito no amor que atravessa todas as fases.
Ainda acredito no cara que vai me abraçar como se a vida dele fosse a minha.
E ainda acredito no amor infinito que eu também tenho a oferecer.
Fazer o quê?
Sou romântica. Sou sonhadora. 
E nunca vou deixar de acreditar.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Unbroken

Gostaria de deixar um recado pra mim mesma aqui. Se servir pra você aí do outro da tela, melhor ainda. Mas presta bem atenção no que eu quero dizer.
Cedo ou tarde, todos nós vamos ter nossos corações partidos. 
Um parente morreu, você deixou de amar o amor da sua vida, você não consegue achar sua cara-metade, ou o seu bem-querer saiu pela porta pra não voltar mais... Não importa. O coração se quebra e não existe fórmula pra juntar ou remendar os pedaços. 
De certa forma, todos nós somos ou (sendo mais otimista) estamos quebrados ou remendados. Porque o mundo não é como a gente quer que seja. Porque o coração é algo frágil... demais.
Mas agora eu quero te convidar a olhar do outro lado. Quero que você veja além da sua bolha de auto-piedade. Quero que você olhe em volta e veja toda essa gente determinada caminhando pela rua com rumo definido. Agora observe com mais cuidado. Determinada? Rumo definido? Nem tanto. Algumas pistas, companhias e planos. Só.
Bem no fundo, estão todos despedaçados. 
Todos nós nos sentimos sem esperança de vez em quando. Todos nós não suportamos tanta injustiça no mundo. Todos nós uma hora cansamos de ser os mocinhos da história. Mas todos continuamos caminhando, buscando, tentando e tentando de novo até dar certo.
E a decepção dói tanto justamente por esse conflito. Porque tem algo dentro de todos nós que não nos deixa desacreditar na felicidade. Por mais que seja difícil continuar, essa força nos mantém de pé. De pé. Caminhando. Juntos. 
Se olhar pro mundo como ele é nos faz perder a esperança, olhemos para as pessoas. Se é nelas que vive essa força que busca a felicidade incessantemente... é por elas que devemos viver.
Você não está sozinho. Nunca.

sábado, 24 de agosto de 2013

Ali, Logo Ali...

É estranho olhar pra essa linha imaginária que separa o azul do céu do azul do mar. Parece algo tão simples, reto e previsível, mas que de alguma forma fascina os olhos. Mais fascinante ainda se, como eu, pela primeira vez na vida você vê o sol nascer desse mar. 
A chegada do novo dia ali, sem nada na frente, confirma de que o horizonte está de fato aberto. Mais aberto impossível, pra ser mais precisa.
Então aproveitei pra subir na prancha de Paddleboarding e remar pra mais pertinho. Subo de pé na prancha, e a linha parece ainda mais perto e mais incrível. Mas... o que meus olhos conseguiriam enxergar se eu avançasse um pouco mais ou se eu tivesse uma super-visão pra ver além desse horizonte? Acho que provavelmente eu daria de cara com algum canto da Europa. Poderia tá dando de cara com algum porto da Itália, vai saber. 
Vai saber.
Ainda sem a capacidade para perceber ou enxergar, posso estar olhando pra algo muito maior do que imagino. Ali, na minha cara, logo ali depois da curva, mas além da minha percepção.
E se eu perseguir esse horizonte? Pode levar tempo pra chegar em algum lugar, podem haver algumas várias tempestades no caminho ou a visão pode ficar turva. E, em todos esses momentos, certamente vou questionar aonde esta viagem vai me levar ou se estou no caminho certo.
Mas confio no "além da curva": nas aventuras inesperadas que a vida sempre me proporcionou para estender a minha visão e ir cada vez mais longe.
Além disso, acima de qualquer coisa, confio na força da corrente do meu coração.
Pra onde quer que ela me guiar, sei que estarei no meu destino certo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Warped: Anormal

Na minha crise adolescente de 2004 ou 2005, eu comecei a sentir que eu poderia ser diferente. Não mais especial, não melhor ou superior às outras pessoas; simplesmente querer coisas diferentes do que TV, revista ou várias falsas crenças me diziam. Não era normal.
Sem entender ao certo o que eu estava sentindo ou como lidar com isso, a música me entendeu: Taking Back Sunday, My Chemical Romance, The Used, Yellowcard, Paramore, Underoath e Story of the Year... Poucas pessoas entendiam o que eles cantavam/gritavam ou daonde que eu tirava tanto tempo pra descobrir tantas bandas novas e bem desconhecidas. Mas eu não me importava. Enquanto houvesse eles para cantar e falar por mim e pra mim, eu não estava sozinha.
Daí descobri que praticamente todas essas bandas se encontravam num festival que rodava os Estados Unidos inteiro durante o verão. Pronto. A tal Warped Tour se tornou meu sonho. 

Quase 10 anos depois, a música se tornou muito maior na minha vida e me ajudou a entender e acalmar tudo que eu sentia. Mas as raízes ficam pra sempre. Então, no último final de semana fiz questão de botar isso a limpo. Só de pisar numa Warped Tour já foi um sonho realizado, mas o que eu vi lá foi algo além do que eu sonhava.
Vi gente como nem eu, que cresce e mantém a juventude a qualquer custo. Vi adolescentes como eu mesma fui. Vi gente surpreendentemente mais louca do que eu. Mas todos... "outsiders": gente que não se encaixa em nenhum padrão, mas que não está sozinha. E, acima de qualquer rótulo, gente disposta a fazer cada segundo valer a pena.
E nós fizemos.
Cada banda nova ou favorita há tempos que subia no palco carregava a mesma mensagem com a nossa voz sendo cantada. A voz que diz que todos somos especiais, destinados a mudar o mundo de alguma forma que vai muito além do dinheiro ou das aparências. A voz que grita que, sim, o mundo muitas vezes é nojento, revoltante e frustrante. Mas o mesmo mundo dá abrigo a pessoas que nunca deixam a esperança, a gentileza e o amor morrer.
O festival é uma celebração a essa voz, dando acesso a todos que queiram ouvi-la.

No fim das contas, ver e conhecer meus artistas preferidos foi um detalhe em função de uma missão maior que eu mesma desconhecia. Finalmente, não só entendo e acalmo esse meu sentimento "outsider", mas fico em paz com ele. Conquistei e encontrei a minha voz, que não é só minha. 
E por mais que tentem, por mais que não nos entendam... não iremos nos calar.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Boa Educação

Eu preferi outro caminho.
Quando parecia mais fácil seguir em inércia, me tirei da cama pra ver o sol na janela.
Quando era mais confortante ter os que eu amo por perto, quis conhecer quantas mais pessoas eu poderia vir a amar.
Quando era mais seguro ficar em casa, achei melhor sair da asa da minha mãe.
Quando o mundo pareceu simples demais, preferi complicar. 
Ou seria o oposto?
O caminho que eu escolhi foi dos mais difíceis pro meu coração, mas tudo só pra poder finalmente sentir como a vida pode ser bem mais simples.
E não importa o lugar, as pessoas, a circunstância...
Estou no processo constante de educar meus olhos a ver a beleza e a infinitude do universo e de mim mesma.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Vim do Brasil

Qual a proporção dos nossos pensamentos? Qual a nossa relevância às pessoas que nos cercam? O que você, eu, o sem-vergonha ali da esquina fazemos faz alguma diferença?

Hoje visitei a exposição "Activist New York", no Museum of the City of New York. E via história de pessoas que poderiam ser só mais um vizinho, colega ou desconhecido, mas que preferiram não passar em branco. Elas preferiram lutar pelo direito de imigrar e integrar, de ser mulher e votar, de trabalhar e ter qualidade de vida, de ter sua orientação sexual e ser livre, de ter direitos sem importar a cor... enfim, de TER DIREITOS IGUAIS acima de qualquer raça, classe ou origem. O interesse dessas pessoas poderia nem ser direto, mas era pelo DIREITO, não pelo interesse em si.

Nem sei se sequer tinham consciência do quanto, mas a iniciativa daquelas pessoas ecoam diretamente no corre-corre da vida de todo nova-iorquino, consciente disso ou não.
Ou agora alguém vai ter a cara-de-pau de chamar a líder do movimento feminista de "vândala" ou "baderneira"? Vão falar que o Lincoln tava mais é querendo ver o circo pegar fogo no congresso, né?
O MÍNIMO que eu, você e todo mundo pode fazer é AGRADECER por todas as pessoas que estavam ou estão na rua, PACIFICAMENTE, defendendo os nossos interesses a todo custo.
Então vamo parar de olhar pro próprio umbigo, vamo sair da bolha e perceber que as nossas ações ecoam pra sempre na história da nossa cidade, país e humanidade. Somos maiores do que pensamos, principalmente quando agimos e agimos JUNTOS.

Vale tudo: arte, educação, protesto, proposta política, ação voluntária...

Mas VAMO AGIR E MUDAR! E QUE SEJA ASSIM SEMPRE! Quero continuar batendo no peito de orgulho quando me perguntam daonde eu vim.
"Vim do Brasil e meu país tá trabalhando pra mudar pra melhor!"

sábado, 15 de junho de 2013

Questionário

Olá, Grazielle. Bem-vinda ao nosso site. Você sabia que solteiros tem 3 vezes mais chances de achar um parceiro conosco do que sozinhos?
Ah, não, mas... ok.

Então vamos começar. Qual sua idade?
24.

Onde você mora?
Port Chester, mas isso até novembro... talvez fique em Sorocaba depois, ou Santos ou depende do meu trabalho e... bem, deixa Port Chester mesmo.

Cite algo que você gosta de fazer!
Passear pela cidade e almoçar sozinha, lendo jornal e sem pressa.

Quais características físicas lhe agradam no sexo oposto?
Gosto de bíceps, mas costas também são legais. Estatura também pode variar, mas se for alto, melhor. Mas os baixinhos geralmente tem umas pernas legais. Cabelo vale tudo, menos careca, acho. Mas coitados dos carecas... Bota aí "sorriso legal" e não se fala mais disso, vai.

E quanto à personalidade?
Bom humor sempre cai bem, mas se for ciumento pode esquecer. Mas também não aguento aqueles desapegados. Grudentos também são terríveis, mas gosto de carinhosos. Inteligente, é bom alguém que gosta de livro. Ou música. Ou de se exercitar. E... quantas palavras cabem aí mesmo?

Como você se descreveria aos nossos pretendentes?
Hm... simpática?

E quanto ao físico?
Regular. Na média, acho.

O que você aprendeu dos seus últimos relacionamentos?
Não o suficiente, aparentemente.

E o que você espera de um futuro relacionamento?
Pessoas se... relacionando?

E como seria pra você um primeiro encontro perfeito?
As pessoas por aí ainda marcam ou se convidam pra um "primeiro encontro" assim?

Deixe um recado para seus futuros enamorados.
Que final de temporada louco esse de Game of Thrones, hein.

Obrigado, Grazielle! Aguarde alguns instantes enquanto procuramos a sua próxima paixão.
Dá tempo de morar no exterior, publicar um livro, firmar uma carreira e fazer um milk-shake nesse meio tempo, né?

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Quinto Tom de Liberdade

A liberdade muitas vezes é associada a se sentir independente, dono de si, inteiro próprio, até como eu mesma já defini aqui. Mas isso é só o nosso ego gritando e agradecendo pelo carinho e atenção exclusiva. 
A verdadeira liberdade é o exato oposto. Se sentir livre de verdade é saber que tudo que te cerca não é seu. Sim, é lindo, incrível e infinito. E não é de ninguém. Você não é dono do que você vê, do que você teve e nem sequer do que você é. 
O que é do mundo é mundano, e o que é da essência é divino. Você está no meio dos dois, como a parte única e insubstituível que todos são. Fazendo a sua parte, a sua contribuição, de modo que sua única responsabilidade ser grato e cuidar de tudo isso. Seja a partícula mais feliz do universo, que só pode ser feliz agradecendo por isso ao compartilhar a felicidade com outras. Resumindo: sua responsabilidade é ser feliz.
Tem responsabilidade mais libertadora que essa?

(**Definir o sentimento de liberdade é um desafio pra qualquer um que, como eu, sente a necessidade das palavras.
Mas essa definição fica tão clara e tão simples só quando a liberdade é sentida em cada partícula do nosso ser.
Essa sou eu, numa manhã chuvosa na Quinta Avenida em NYC, procurando meu caminho ao Museu de História Natural e tentando equilibrar café, guarda-chuva e pensamento só em duas mãos.)

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A Droga

Naqueles tempos em que a escola tentava despertar (ou, na verdade, acentuar) minha paixão pelos livros, a professora se dizia boazinha e nos dava opções de leitura. Uma delas foi o clássico da literatura adolescente "A Droga do Amor". Não li, prontofalei. Mas o título ficou marcado na minha memória muito mais do que o livro que eu de fato li.
Na época, acho que fiquei até assustada em pensar no amor como algo viciante, que as pessoas fazem de tudo pra ter e acima de qualquer consequência. "Que exagero, o amor não faria isso", pensava.
Acho que hoje entendo melhor esse conceito, principalmente quando percebo o tanto que colocamos em risco em nome desse tal de amor, até a nossa própria essência. A tal droga é a toxina que se infiltra e compromete qualquer estrutura que se coloca em seu caminho.
Mas por que ainda desejamos e buscamos pelo amor, mesmo grandinhos sem a ingênua leitura adolescente?
A gente vê por aí do que o amor é capaz. EU vejo o quanto o amor me fez passar, pra mal e pra bem.
Mesmo consciente disso, será que é só o vício que sustenta minha procura pela droga? 
Ou seria uma fé cega em um amor que não seja droga, mas que realmente ninguém conhece de verdade?
Seja qual for o motivo, essa busca às vezes me desnorteia,  como uma personagem de conto de fadas perdida no mundo real.
Mas, quem sabe, me perdendo por aí eu consiga chegar um pouco mais perto de mim e do meu próprio mundo. E um amor de verdade, nem real nem de conto de fadas, também possa me encontrar.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Em Casa

Algo me força a voltar pro Brasil. Só pode ser alguma confusão, moço, meu visto tá todo certinho. E eu nem vi o voo passar, como isso é possível?
Eu poderia pelo menos ter aproveitado o voo, mas nem isso. Simplesmente me jogaram nesse corredor interminável, enquanto eu tento apenas dar meia volta, pegar minhas malas e voltar pra Port Chester.
Eu nem vi a Estátua da Liberdade ainda! O Central Park, a Broadway, meu livro... Me dá uma chance, Deus!
Me deixa voltar, eu mereço isso. Eu preciso completar minha missão.
Me deixa, me deixa.
Please.

Acordo assustada do sonho que já é recorrente nessas duas semanas longe. Vejo as meninas dormindo, a tranquilidade do quarto e minha cama desarrumada. Beijo o travesseiro, abro uma frestinha da cortina de bolinhas, e assisto a luz da manhã entre as árvores da rua balançando no ritmo da brisa que anuncia o verão chegando.
Estou em casa. Obrigada, meu Deus.

domingo, 5 de maio de 2013

Broken Toy

Esses dias alguém pegou na minha mão. Procurou minha mão, pra segurar, entrelaçar os dedos e não largar até o fim da noite.
Mal tô acostumada a alguém me querer até o fim da noite, quem dirá de mãos dadas. Até porque não deixo minha mão aí pra quem quiser pegar. Depois de um tempo, cada vez menos minhas mãos ficam à disposição de qualquer um que se aproxima. O beijo acontece, segue instintos e se sacia. Mas as mãos... elas dizem mais do que parecem. Elas dão o apoio, não deixam o outro partir, mostram que tem alguém do lado que não vai sair dali também.
Isso deveria ser reconfortante, certo? 
Me assustei.
Chego a pensar que sou quase como um brinquedo quebrado; não sei mais dar mão, não sei mais como me entregar ou como acreditar da mesma maneira que muita gente faz. É como se tivesse algo funcionando errado em mim, respondendo errado a um estímulo externo.
Finalmente, hoje estou aprendendo a lidar com meus próprios estímulos. E colocar todo esse entendimento interno em zona de risco por conta de outra pessoa simplesmente me faz correr para outro lado do mundo.

Tudo tem seu tempo, lugar e pessoa. E só Deus sabe como é triste pra mim, a eterna romântica, dar as costas. Mas este não é esse momento. 
Quem sabe em outro tempo, lugar, pessoa. Quem sabe quando eu me sentir outra pessoa.
Mas agora... sinto muito. Mesmo. 
Preciso de mim mesma inteira. Preciso ir a procura das peças que podem estar faltando em mim. E quem sabe renovar outras antigas. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Carta ao Ex

O céu azul mais brilhante do mundo, cercado por um horizonte do mar que eu mais conheço na vida, com meus pés leves na areia da praia. Minha música favorita toca, e não consigo segurar o sorriso. Que vira riso. Que vira lágrimas e me transborda de felicidade. 
Não trocaria esse momento, esse lugar, essa minha pessoa por nenhuma outra. Estou exatamente onde eu gostaria e deveria estar.
E essa felicidade toma proporções ainda maiores justamente por eu saber que o caminho até aqui não foi fácil. E eu sei que você faz parte desse caminho, Luis.

Com você do meu lado, nunca vi ninguém mais apaixonado por mim. Eu achava que uma das Top3 certezas do mundo era que você estaria sempre ao meu lado, com o nosso futuro traçado e acertado. Daí você tirou de mim supostamente tudo que eu tomava como certo e meu. E vi minha base tremer, juro. Não tinha mais planos, não tinha mais visão, não sabia do que ia me acontecer. Tudo que havia sido construído não fazia mais sentido.
Mas daí, depois de chorar entre as rachaduras do chão em que eu me deitei, tirei os olhos do meu quadrado e olhei a construção à minha volta. Não era bem aquilo que eu queria pra mim. Minha estrutura estava comprometida, não tinha como suportar tudo que eu sonhei construir, nem com você nem com ninguém. A edificação estava fadada a ruir, de um jeito ou de outro. Eu iria ruir.
E tudo por causa de uma ilusão minha em achar que é possível construir qualquer coisa com base em supostas certezas, como se elas realmente existissem.
Então, na verdade, você fez exatamente o contrário: você abriu meus olhos. Se você não tivesse abalado minha estrutura, eu ainda acharia que eu estava super bem e feliz e no caminho certo. Não estava. Me enganei achando que você tirou algo que me pertencia. Mas você só me deu algo que eu precisava desesperadamente e não sabia: a incerteza.
Só com as minhas certezas vindo abaixo que pude ver que a felicidade não está no que eu sei. A felicidade está em tudo que eu ainda não sei e tudo que eu ainda quero aprender. As possibilidades são infinitas.
Sim, ainda não tenho tudo acertado na minha vida e nem sempre essas possibilidades vão ser maravilhosas.
Mas hoje, mais do que nunca, confio na minha capacidade de que, de um jeito ou de outro, vou saber superar todas as dificuldades. E se não der... Bem, vou sorrir, sem certezas, sem reservas, sem querer querendo.
Por isso, de verdade, de coração...obrigada, Luis. 

domingo, 21 de abril de 2013

Se enxerga, garota!

Tua amiga é o máximo. Baita profissional, bem sucedida, gente fina, educada, linda e bem arrumada.
Daí numa das noites das meninas, ela apresenta o novo namorado. Um merda. Trata ela como qualquer outra, não ajuda em nada na rotina dela, briga por qualquer coisa, ciumento, acomodado e ainda não aprendeu o que banho significa.
Daí quando os dois vão embora mais cedo, a primeira pergunta que brota na mesa é: POR QUE ELA AGUENTA UM CARA DESSES?

Acho que essa pergunta que tem várias respostas possíveis. Mas uma resposta recorrente com certeza é: porque ela aceita isso pra ela. Porque se ilude achando que merece um cara assim. Porque acha que não consegue algo muito melhor.
Mas ela é tão "tudo-de-bom"... pra quê, né?
Bem, é que, como a maioria das mulheres (ou seres humanos?), ela não se enxerga. 

E é verdade. Somos sempre mais gordos, mais desajeitados, mais bobos, mais feios... Menos do que todo mundo tem de bom.
Sem ver a nossa própria e única beleza, estamos mais preocupados com a comparação. Temos que ser melhor do que o outro, não o nosso melhor. Temos que ser mais, não simplesmente ser.
Não tenho nada contra se cuidar, querer ser melhor e ir atrás disso. 
Mas tá faltando amor. Antes de aceitar qualquer coisa, se aceitar inteiro. Antes de se criticar, se abraçar de verdade.  
Vamo se olhar no espelho e sorrir pra si mesmo; querer a própria companhia, com todos os defeitos e qualidades. 
Vamo se enxergar de verdade, com os olhos de amor e transformação que vão não só atrair coisas e pessoas melhores na nossa vida, mas fazer melhor a vida de todos a nossa volta também.

domingo, 14 de abril de 2013

Novas Vidas

Fazia um bom tempo que eu não tinha muito tempo ou espaço conversar com a minha prima.
Ela acaba de virar mãe e eu acabo de voltar pra casa. Duas viradas.
Ontem tivemos uma chance de botar o papo em dia. O momento e o sentimento de cada uma certamente foi compartilhado, mas o papo foi diferente. Me senti pequena. Ela ali pra descobrir porquê o menino chorar, trocar a fralda, dar de mamar toda hora e eu aqui querendo falar da minha jornada de auto-conhecimento.
Que drama, que falta de rumo, que..ego.

Mais tarde, vimos as fotos do parto dela: um parto domiciliar abençoado que me trouxe lágrimas aos olhos. 
Me fez pensar que daqui uns 24 anos é ele que vai estar aqui, na minha idade, assistindo essas imagens lindas de uma vida começando.
Senti novamente a pequenez, mas com uma grandeza temporal. 
Nunca havia me visualizado 24 anos daqui; eu mesma, com uns 48 anos na cara. Mas agora com aquela criança por perto, pronta pra crescer e envelhecer... eu vi. Vi ele, vi meu rosto, vi minha família, vi a felicidade. Vi como a vida toma rumos que nem a gente espera ou planeja. Pode mudar em 1 ano ou 1 minuto. 
E se em 9 meses a vida da minha prima já mudou totalmente, o que 3, 4 ou 5 anos não poderiam trazer de novo pra mim?
Todos meus problemas são grandes aos meus aprendizados no momento, mas muito pequenos em relação a tudo que eu vou conquistar e construir na minha vida. Tudo vai passar. Tudo vai transformar. Crescer, formar, repassar.
E eu ainda vou estar aqui.
Viva. Sorrindo. 
Muito grata.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Musicando

Tem uma música que toca em mim.
Não sei o nome, não sei daonde
Mas tem o ritmo dos meus sonhos.
Não sei qual é o tom
Mas tem energia da minha alma
E o refrão do meu coração.
Não sei decifrar seus acordes
Mas suas notas ecoam em mim 
pedindo para serem ouvidas.
Vou deixar transparecer.
Vou soltar.
Entregar pro mundo.
E deixar a melodia me levar.

domingo, 31 de março de 2013

A Cruz

Pessoalmente, o ambiente silencioso de uma igreja faz bem para ir ao encontro de mim mesma. Mas não consigo evitar me sentir meio triste ou até culpada ao olhar pra imagem de Jesus na cruz. Ele sangrando com as mãos e pés pregados, e eu aqui reclamando das coisas que não são do jeito que eu gostaria.
Daí que fiquei me perguntando por quê morrer na cruz... por quê raios dizem que ele fez isso por mim. Eu não queria ver nem ele nem qualquer outra pessoa passando por isso. E ainda mais morrendo com uma mensagem tão bonita a ser repassada.

Mas será que eu (assim como todos os seres humanos que nasceram em 2013 anos) valorizaria tanto essa mensagem de amor ao próximo sem uma morte dessa maneira? Sim, é triste, mas vai ver a mensagem dele precisava ser marcada com sangue para que fosse marcada de verdade na alma da humanidade.
Da cruz dele, agora percebo a minha cruz. Vai ver eu também preciso passar por ela, e sofrer, e chorar, e birrar, pra que uma mensagem maior do que a minha compreensão atual seja gravada em mim. 
As coisas não podem ser sempre do meu jeito; graças a Deus. As coisas devem ser do jeito que precisam ser. Do jeito que eu preciso. Do jeito que só Ele sabe o quê é necessário para eu conseguir conquistar o melhor de mim.
Que nem Ele sabia pra esse grande cara aí na cruz.

domingo, 24 de março de 2013

Chimarrão Paulista

Como bom gaúcho, de sangue ou de coração, chimarrão normalmente é sinônimo de uma boa conversa e uma bela roda de amigos.
Já aqui em São Paulo, sem a tradição, chimarrão pra mim tem sido bem combinado com momentos tranquilos de solidão e introspecção. Erva-mate e água quente amansam meus pensamentos que só então se permitem condensar em palavras, como nesse exato instante.
Mas ao levar esse instante para além do meu quarto...
Qualquer bom paulista tem motivos pra achar no mínimo diferente alguém caminhando e tomando algo de "canudinho", abraçado numa garrafa térmica. E só através desses olhares curiosos que percebi que o chimarrão me lembra do próprio Rio Grande do Sul em mim.
Que olhem, que estranhem. Isso faz parte de mim. Sou paulista, paulistana, falo "meu" e falo "brigadeiro". Mas também falo "bah", falo em tom cantado e tomo chimarrão.
Com o barulhinho da água acabando na cuia, reafirmo que 6 anos na linda Porto Alegre não foram em branco: esses anos estão marcados em mim, e encho a minha cuia em honra a eles.
Servidos?

terça-feira, 19 de março de 2013

De Vô para Neta

- Que legal essas fotos tuas pescando no Pantanal, vô.
- Ah, essa turminha era demais mesmo. 1986.
- Um monte de peixe e também um monte de homem, né! Só os cuecas.
- Mas claro, mulher não pisava o pé lá. A gente que carregava!

terça-feira, 12 de março de 2013

O Muro

E essa proteção que a gente cria...
É auto-preservação? Auto-conhecimento?
Ou medo de se envolver de verdade?

segunda-feira, 4 de março de 2013

Inesgotável

Sendo amigo de longa data ou recém-conhecido, uma hora ou outra sempre acabam me perguntando "daonde raios tu tira tanta energia?".
Entre pulinhos e gestos exagerados típicos da minha expressão, deixo a resposta no ar.

Acho que essa energia vem de um fonte pessoal e infinita dentro de mim. É uma fonte que se alimenta da consciência de que cada momento é único. Dessa consciência, vem uma ânsia que, intensa como um choque, exige que cada momento tenha uma marca, sem deixar passar nada em branco. 
Cada segundo não vai ser repetir. Então pra quê deixar minha energia se esvair e deixar o momento escapar junto com ela?
Só me resta canalizar tanta energia.
Pular? Dançar? Conversar até perder a fala? Ficar parada num canto fazendo caça-palavra?  Que seja. É o meu momento único.
Como vou querer me lembrar dele?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

The Thing

So here's the thing...
You're fed up with love. You can't stand the feeling of getting calls all day, daily reports or jealosy scenes. All the falling-in-love package makes you sick.
Still, something inside you urges for caring and attention.
So...what's the point? 

"Sit and wait, darling. It all shall pass", says the voice.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cidade Baixa e Livre

Logo após o término do meu primeiro e longo namoro, tive que reaprender a fazer umas dez mil coisas sozinha. Entre elas, atravessar a rua. Confiando no meu par, nem me dava ao trabalho de olhar para os lados.
Então sozinha, aprendi novamente a olhar para os lados. E descobri um mundo incrível à minha volta.

Lembro que um dos meus primeiros passeios sozinha foi a um bar na cidade baixa de Porto Alegre. A sensação de andar sozinha naquela rua foi única. Todos os bares, pessoas, cheiros e gostos cercavam minha caminhada, que era minha. Eu finalmente era dona de mim. Poderia estar com alguém, poderia estar em outro lugar, mas estava ali, dando aqueles passos na companhia doce e eterna de mim mesma. Eu tinha sentido falta dela. Como uma mãe que reencontra o filho recém-nascido, o poder da escolha tinha sido devolvido aos meus braços.

O que eu senti e entendi naquele momento é que o único comprometimento que você tem no mundo é o de se fazer verdadeiramente feliz. Mas essa sensação de liberdade não era e nem é de libertinagem. É a consciência do seu eu mais profundo.
Pois com essa felicidade, aí sim, o seu mundo e consequentemente o mundo que te cerca fica mais completo. E melhor, sempre.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Final Feliz

Sempre fui uma fã de se's. Brincava de barbie criando as histórias mais mirabolantes. Escrevia no meu diário pensando que poderia ser um livro.
Dá pra imaginar, então, que minha imaginação sempre foi fértil, mais especificamente para histórias de amor. 
Ah, como eu adorava. E adoro!
É previsível e clichê, mas não resisto a ver o mocinho ou mocinha jogando tudo pro alto, no último minuto, pra reconquistar aquele amor e viver feliz para sempre. Tão lindo.
Por isso que é duro cair na real. Não é só perceber que essas reviravoltas, mal e bem entendidos não existem na vida real. É parar de desejar isso mesmo que secretamente, no fundinho do meu coração, no escurinho do meu travesseiro.
Quero desejar algo tão real que nem um filme poderia retratar fielmente. Tão verdadeiro que nem uma saga de dez livros poderia narrar com detalhes suficientes.
Quero um amor tão puro que apenas o coração entende.
Quero minha história de amor, mas feita de fatos reais.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Last Looks

Sensação engraçada essa de saber que aquela é a última vez que você vai olhar para aquela pessoa ou aquele lugar.
Uma gratidão imensa me invade os ossos, enquanto o sangue pulsa saudade.
Seja da maneira que for...vai ser.
Adeus. Sem olhar pra trás.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Gratidão

Ontem aconteceu de novo. Estava na pista de dança e era a nossa música. Mas, ao contrário de todas as outras vezes, sorri. 
Eu não estaria ali dançando e me divertindo com ótimos novos amigos se não fosse por aquela música. Se não fosse pelo que você me ofereceu, eu nunca estaria aberta o bastante para receber essa felicidade no meu coração. 
Eu nunca saberia ser feliz desse jeito sem a sorte e a lição de viver um grande amor. 
E sou grata, muito grata por isso.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Papo de Gente Grande


Lá pelos meus 7 ou 8 anos, eu adorava brincar de ser mocinha. Botava o cabelo pro lado e chamava de penteado. Sentava com as pernas cruzadas e me sentia educada. Sorria e empinava o nariz toda hora e chamava de independência. Fingia que falava no telefone pra achar que todos os meus namorados precisavam de mim.
Daí lá pelos meus 15 ou 16 anos, eu adorava brincar de rebelde. Botava o cinto de rebite, ouvia músicas que ninguém entendia de tão barulhentas e me recusava a me divertir em reuniões de família. Um namorado ou outro, mas que não se encaixassem em nada do que queriam pra mim.
De lá pra cá, acho que passei de um extremo ao outro justamente porque meu comportamento e personalidade mudaram, mas não a crença. No fundo, eu sempre achei que tudo fosse ficar naturalmente bem. Rebelde ou mocinha, eu chegaria aos meus 20 e poucos com um relacionamento estável, bem formada, com uma carreira linda pela frente, com filhos, viagens...naturalmente feliz, como deve ser.

Mas agora de verdade nos meus 20 e poucos anos... o que é natural mesmo? 
Não sou mocinha. Não sou rebelde. Não tenho um relacionamento estável. Bem formada, mas nem ideia da carreira à minha frente. Filhos bem mais tarde, obrigada. Algumas viagens por vir, se Deus quiser. 
"Que burra", diriam as minhas antigas Grazis. Eu fui contra a ordem das coisas. Minhas escolhas, as que eu achei que me levariam a o quê eu considerava natural, só me levaram ao outro lado do labirinto. O que antes pareciam escolhas pensadas e calculadas, agora mais parecem um jogo de sorte ou azar, par ou ímpar, tentativa e erro. Não há nenhuma garantia de que um caminho seja melhor ou mais rápido que qualquer outro.

Por outro lado, acho que nem eu mesma acreditava que teria estrelas tão brilhantes para me guiar nesse caminho labiríntico. Sei que elas vão me nortear, sei que elas não vão deixar de brilhar não importa onde eu esteja. Sei que há uma luz maior iluminando-as pra mim. Sei que não estou sozinha.
Obrigada à minha família, meus amigos e a Deus, por me mostrarem que não há felicidade mais natural no mundo do que a de tê-los ao meu lado.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Carta ao Coração

É fácil perder a cabeça. Difícil é manter todos os membros em seu devido lugar, e não ser todo ouvidos ao coração.
Tá na hora do coração ouvir.

Você, querido coração, precisa sossegar.
Sei que você está acostumado a bater descontroladamente por alguém, mas não dá pra ser assim toda hora. Para bater de verdade por outra pessoa, você precisa entender algumas coisas que ainda não entendeu.
Precisa entender que muitas outras pessoas e coisas e lugares podem te disparar. E não é porque você está em disparada que tem que mandar a razão pra aquele lugar. Não, ela não quer te limitar ou te impedir de viver. A razão só não quer que você queira crescer sozinho, até porque isso é impossível. A queda será sempre inevitável. Ela sabe que só juntos vocês vão evoluir. 
No desespero de viver todo dia como se fosse o último, você deixa de ver que sua grande parceria está bem ao seu lado. Vocês podem mais juntos. Podem realizar tudo que você sempre sonhou. Podem ir além do que os dois sozinhos imaginariam.

Mas é preciso que não sejas egoísta. É preciso paciência. É preciso calma. 
É dar um passo para trás para finalmente poder dar milhares para frente.
Não tenha medo.
A razão não vai te boicotar.
Ela te ama tanto quanto eu.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Crônica de voo

Aeroportos já são lugar comum pra mim. Freqüento esses saguões há 6 anos, desde que me mudei pra Porto Alegre. Esperei meses para estar aqui esperando esse avião. Não é fácil ficar longe da família, principalmente quando meu mundo parecia desmoronar perante meus olhos. Mas sobrevivi para estar aqui vendo esse céu azul pela janela. Que alívio.
"Atenção senhores passageiros do voo 3567 com destino a São Paulo Congonhas..."
Engraçado ver essas pessoas na fila ansiosas por embarcar  mesmo com assento reservado. Mas pra quem já esperou dias que pareciam semanas, alguns minutos não vão matar ninguém. Me permito observar um pouco mais o azul envidraçado.

Logo estamos decolando. Tudo parece tão minúsculo daqui de cima. Ou lá de longe. É tudo uma questão de ponto de vista. E Deus sabe o quanto meu ponto de vista mudou nos últimos anos. Mas tanta vista me cansa os olhos e não demoro a pegar no sono. Nuvens enormes preenchem a paisagem do meu sonho. Nuvens vermelhas escarlate, vibrantes, mas que repentinamente adquirem uma cor turva, cor de nada, mas que me lembra todos os cemitérios que já visitei. E essas nuvens se movem, lenta e precisamente, como um animal se preparando para o ataque. Mas antes de dar o bote, rostos se formam dizendo frases que não consigo entender. Como uma língua desconhecida, entendo apenas palavras como "desculpe", "não posso", "fica", "vai", "sempre", "nunca"...

"Senhores passageiros, estaremos servindo refrigerante e barras de cereal."
Acordo numa baque assustada, assustando também meu colega de assento. Tudo isso pela barrinha de cereal. E ainda dizem que deveria agradecer por não pagar a mais por isso. 
Abro a janela e me deparo com mais nuvens. Mas essas agora brancas, laranja avermelhadas, se despedindo dos últimos raios de sol. É realmente o fim de um ciclo. Mesmo com todas as tempestades, não posso negar as luzes que Porto Alegre me ofereceu. Sem meus amigos, me trabalho, meus amores, minhas decepções, minhas dores... Não seria metade da mulher de que me orgulho ser. O lanche até que me cai bem.

Perdida em minhas lembranças, me surpreendo quando a comissária anuncia: "senhores passageiros, sejam bem-vindos a São Paulo". Fico boquiaberta. Sou bem-vinda. Estou em casa. Voltei. Não achei que voltaria assim. Não achei que voltaria sozinha. Mas também não imaginei que voltaria tão forte, tão realizada, tão minha.
É inacreditável perceber as dez mil voltas que a vida dá, mas ainda me deixando de pé. Bem, não literalmente de pé, já que nem minhas pernas acreditam que tá na hora de juntar minhas malas e levantar. É surreal pensar em redescobrir velhos caminhos e ao mesmo tempo procurar por novos que também estão ansiosos para me conhecer.
Chegou a hora. Sem atrasos. Sem escalas.
"Boa noite, boa estada".
Obrigada. De coração.