sábado, 31 de maio de 2014

Mulher-Maravilha

Pode ser meio audacioso da minha parte, mas se eu pudesse mudar uma coisa no mundo, seria a injustiça.
Não consigo ver uma amiga querida chorando por causa de alguma sacanagem de um babaca qualquer. Minha vontade é pegar o endereço do cara e mandar uma bomba pra explodir na cara dele.
Me revolta por dentro ver alguém jogando qualquer papelzinho de bala na rua. Tenho que controlar a minha vontade de parar a pessoa ali mesmo e não deixar ela se mexer enquanto não pegar o papel do chão.
Pior ainda se vejo um assalto ou roubo no meio da rua. Na minha cabeça, tiraria meu disfarce da mochila e sairia correndo atrás do bandido feito Mulher-Maravilha.
Mas daí acordo pra realidade e me dou conta de que não tenho super-poderes pra mudar nada nem ninguém só porque eu quero. No fim do dia, ainda sou só mais uma nesse mundo onde nem sempre o bonzinho recebe o que merece.
Então fiquei pensando no quê meu lado super-herói faria por mim se me visse caminhando por aí.
Minha Mulher-Maravilha não aceitaria os meus medos. Mandaria todos eles a uma quarentena em outro planeta, junto com meus traumas e lágrimas, para serem libertados só quando se transformarem em amor.
Ela se revoltaria com a falta de apreço que tenho por mim mesma. Com uma máquina do tempo, ela me mostraria como minhas ações tocaram a vida das pessoas à minha volta, mesmo que eu não tenha percebido  na hora.
Melhor que tudo isso, meu lado super-herói me faria entender que as maiores injustiças do mundo são as que fazemos com nós mesmos.
A injustiça só existe no mundo porque a cultivamos dentro de nós. Não precisamos de super-heróis; somos humanos. Somos maiores que nossos medos. Temos o poder de ser sempre melhores do que no dia anterior. Somos mais poderosos do que jamais imaginaríamos. 
Estamos longe de mudar o mundo, mas sempre muito perto de mudar a nós mesmos. 

domingo, 25 de maio de 2014

Bem me quer, mal me quer

Todo mundo já viu esse filme.
Você manda mensagem, marca encontro, corre atrás. Ele não nega sua atenção, mas também não faz a menor questão de devolver. Quando você larga de mão e desiste, aí ele resolve acordar e correr atrás do prejuízo.
Mas daí ficou tarde. O assunto já chegou na mesa de bar, e as amigas concordam que o cara é um idiota.
Daí a história muda de lado.
O outro carinha todo dia quer saber de você, quer sair, quer contar da vida. É, ele é legal, mas você não consegue evitar os olhos virando toda vez que chega uma mensagem dele. Até que ele se toca, e as mensagens finalmente cessam. E daí você também finalmente admite que alguma partezinha de você gostava de receber toda aquela atenção.
Ainda assim, volta pra mesa de bar, e as amigas concordam que esse outro cara é carente demais.
De idiotas a carentes, o motivo para se relacionar parece ser o mesmo: se alimentar da energia do outro até que nossa auto-estima transborde. Depois disso, tanto faz.
É simples assim, então? Em vez de nos relacionarmos de verdade, estamos brincando de bem-me-quer-mal-me-quer de acordo com a nossa própria conveniência?
Uma hora essa brincadeira cansa, sabe. E da exaustão acabo percebendo que não somos tão diferentes quanto achávamos. Na busca por atenção e senso de auto-importância diante dos outros, todos nós somos carentes. E isso não é bom nem ruim; apenas nos coloca como iguais.
Todos queremos atenção. Todos queremos sentir que importamos pra mais alguém ou até "alguéns". Isso faz parte do ser humano.
Mas enquanto continuarmos buscando isso muito mais numa outra pessoa do que em nós mesmos, todos nossos relacionamentos (inclusive o que temos com nós mesmos) estão com os dias contados e infelizes. 
O carinha ou menina não estão ali só pra suprir minhas necessidades. O outro não está ali só pra me receber, consolar e dizer que pessoa incrível eu sou.
O sentimento de carência, esteja ele suprido ou não, não deixa de ser uma forma de egoísmo. Você não é o centro do universo. O mundo não está aí pra dar pra mim nem pra você que a gente acha que precisa pra ser feliz. O mundo está aí pra percebermos que, na verdade, já temos tudo que precisamos. 
Somos todos carentes.
Carentes de nós mesmos.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Nós, os Românticos Irremediáveis

Assistimos filmes e choramos torcendo pro mocinho alcançar a mocinha no final. Lemos livros e torcemos para que aquelas personagens perfeitas existam na realidade. Ouvimos músicas e ficamos sonhando com a letra e melodia, mesmo que não haja nenhum correspondente real no momento.
Nossa exposição romântica já vem desde a infância. E daí crescemos e nos deparamos com a realidade.
O carinha não ligou no dia seguinte.
Ele esqueceu da data.
Não apareceu no dia do encontro.
E não deixemos a culpa só pra outra parte.
Falar "eu te amo" não é tão simples quanto você imaginava.
Você não quer largar seus antigos hábitos só porque ele pediu.
Se entregar é mais difícil do que parecia.
E aonde foi parar toda aquela história de entrega e certeza em que tudo se tornaria mais fácil e simples só pelo fato de haver amor?
Esse sonho romântico era realmente nosso? Ou foi só uma ideia que o cinema, a literatura e a música inseriram no nosso inconsciente?
Não sei se um dia vou saber uma resposta. Realidade de fato e realidade interna são dois conceitos que se refletem e se fundem constantemente. É como se perguntar se o ovo ou a galinha veio primeiro.
Não consigo entender as origens, mas talvez consiga compreender o destino. Você pode não ser um romântico como eu admito ser, mas talvez pra todos nós seja uma boa hora pra deixar o orgulho e o ego de lado.
O amor não é exatamente como você esperava. Abrace o inesperado.
Você não consegue colocar suas necessidades nos braços de outra pessoa. Pare de achar que só você tem problemas ou soluções.
Colocar-se em primeiro lugar é prioridade número um. Aprenda a amar a si mesmo, mas se colocando no lugar do outro.
Tudo isso é especulação, na real. Eu não tenho nem metade de todas as respostas.
Mas ouso dizer que, sim, o amor é maior do que tudo. Não só o amor pelo seu parceiro, mas o amor por estar vivo, por ser capaz de amar e por ser capaz de mudar.
Se um dia a gente compreender de verdade esse amor, talvez até a ideia de romance também se transforme em algo muito maior que o nosso ego hoje consegue enxergar.
E isso nenhum filme, livro ou música precisava me ensinar. 
No meu euzinho mais profundo e tímido...
Eu sei.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Declaração de Amor

Já faz um ano que nos conhecemos. Parece que foi ontem que senti que já éramos companheiras há muitos e muitos anos.
Dá pra dizer que foi amor à primeira vista. Você ali, toda brilhante e esbelta me esperando no fim da estrada, e eu rodando por todo lugar sem ter certeza se você seria tudo que eu esperava. 
Mas você aquilo tudo e muito mais, minha querida.
Nem precisava se esforçar pra me ver sorrir. Era simplesmente a ordem natural das coisas. Você, eu, e dez mil motivos pra ser feliz.
Quando eu precisei, você não hesitou em me dar abrigo. E nem precisava de teto; era só andar pelas suas ruas, cruzar suas esquinas, descobrir seus caminhos que eu já me sentia em casa.
Mas é verdade que também brigamos. Eu sou teimosa, você sabe. Nem sempre era fácil ficar longe da família. E daí você se entristecia junto, inundava todas as ruas e me forçava a encarar suas lágrimas. Mas você sabe como me acalmar: um café quentinho, um abraço forte, e já fazíamos as pazes.
Me mostrou quem eu era de verdade. Perto de você, eu sabia quem eu era e tudo que eu era capaz. Nada era impossível. Mas também me mostrou pessoas, histórias e músicas que só você poderia guardar com tanto carinho. Tudo numa coisa só.
Uma coisa só.
Mesmo a milhares de quilômetros de distância, nunca nos separamos. Você faz parte de mim assim como eu também faço parte de você.
Ao amor, qualquer obstáculo é puramente ilusório. E meu amor por você é o mais puro e verdadeiro que existe, querida.
Eu te amo muito, New York.
Para nós, nunca existiu adeus.
Até logo, meu amor!

sábado, 10 de maio de 2014

Quase

Acho que todo mundo tem uma pá de momentos-chave na memória. Aqueles do tipo que todas as mesas viraram, e nossa história tomou um rumo totalmente inesperado. Se a nossa vida fosse um filme, com certeza eles que seriam as cenas mais esperadas e mais emocionantes. 
Mas, na real, esses dias fiquei pensando sobre a importância de todos os outros momentos que acabam ficando só como cenas extras nesse nosso filme; aqueles que poderiam ser chave, mas não foram: os momentos-quase.
Sabe aquela chance de morar no exterior com o seu primo de terceiro grau? Melhor não.
E aquela hora que vocês finalmente conseguiram ficar sozinhos e o beijo não saiu da sua boca pra dele? Secou.
Ah, e lembra do vestibular daquela faculdade lá onde Judas perdeu as botas que você passou e nem deu atenção direito? Outro bixo pegou.
Foi por pouco, mas foi quase nada.
E quanto ao agora? O quê só precisa de um "sim" pra acontecer na minha vida? O quê falta em mim pra transformar esse "quase" em "chave"?
Coragem, minha gente. É verdade que o medo tem sua função em nos proteger das adversidades, mas somos nós que damos a ele o poder de deixar bem longe da realidade todo o potencial de felicidade que uma nova experiência pode nos oferecer.
Tudo bem ter medo. Tudo bem não querer. Tudo bem fechar portas. Mas antes de dizer "êni-a-ó- til, não", quem sabe pode ser mais interessante e até divertido pensar "por que não?"
E se alguma vozinha dentro de você disser: 
"Quem você pensa que é pra fazer tudo isso?"
Faça o favor a si mesmo de responder: 
"Quem eu penso que sou para não fazer?"

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Cadê o meu sentido que tava aqui?

Hoje me lembrei de como era mais fácil quando estava apaixonada cegamente.
As coisas faziam sentido, sabe? Tudo que eu já havia passado na vida, junto com todos meus tropeços e enganos, tinha um motivo. Tudo me levou até ali, àquele momento; duas pessoas e todas as outras partículas que colidiram em favor daquela paixão. Meu propósito de vida era claro como um cristal, tão simples, tão óbvio. Gravidade, lei universal. Um feito pro outro. Outro feito pra um.
Mas, por algum motivo, às partículas se repeliram. Magnetismo, lei universal. Daí me dei conta que perdi o sentido das coisas. Deixei cair no meio do caminho e ninguém mais viu por aí.
Até hoje não encontrei de novo. Não da mesma maneira. Mas também não deixei de me perguntar:
O sentido das coisas existe por si só, ou somos nós que damos sentido às coisas? Eu que formulei meu próprio sentido apaixonado, ou ele inevitavelmente existiu ali?
Me perdoem os céticos, mas algo dentro de mim se sente tão pequenininho justamente por saber que existe um sentido maior regendo nossas vidas. Mas também me perdoem os crentes, porque um sentido que existe apenas dentro de mim, ou pior, fora de mim, me parece... vazio. 
Vai ver é um pouco dos dois.
Vai ver o sentido real das coisas começa em mim, em como me comporto a respeito do meu eu profundo e o manifesto no mundo. Por outro lado, meu sentido próprio só se concretiza quando o coloco na direção certa, buscando me conectar com o sentido de outras pessoas.
Sim, era mais fácil antes, mas também mais instável e transitório. 
Ir atrás desse sentido maior exige esforço e transformação pessoal, é verdade, já que de "fixo" e "finito" ele não tem nada. Mas também não precisa ser tão difícil assim. 
O sentido das coisas não está em seu conceito inalcançável, mas sim em seu processo constante que é fonte infinita de felicidade.
Buscar eternamente o sentido das coisas através de si próprio e de outras pessoas é justamente o que nos dá sentido à vida.