segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Uma Crônica de Café, Starbucks e Empatia

*Aos amigos do Starbucks, que hoje me serviram café com inspiração.

Estava passando por um bloqueio pra escrever. Segui o procedimento padrão pra resolver: muffin, café e Starbucks.
Nem sempre o atendente está no melhor humor, mas nunca atendem mal ou são grossos. Na verdade, eles tão fazendo a mesma coisa que eu: sobrevivendo da melhor maneira que podem a mais um dia de trabalho. E pior que eu, a um dia de trabalho no shopping mais "pop" da cidade. Ok, eles se submeteram e escolheram isso. Mas não escolheram e nem precisam ouvir palavras que me fazem ter vergonha de pertencer à raça humana.

"Estranho, né, sempre que venho aqui me atendem de má vontade. Po, sai daqui, velho, vai pra rua, vai se drogar, mas larga esse trabalho de merda", disse o cliente que se senta à minha frente, como se fosse o único ser humano importante no estabelecimento inteiro. Ergui os olhos, mas determinada a me concentrar no meu muffin de banana.
Dois minutos depois, um atendente chama "Leo!", referente a um pedido pronto. Em seguida, a criatura responde "Eu!!!" e continua sentada com pés alegremente balançando na cadeira, como se esperando para ser atendida à mesa. Pra mim, foi como voltar pra sala da quarta-série, tendo que aguentar a piadinha diária do engraçadinho que senta no fundão. Mas agora ao invés de arranjar briga na diretoria, respirei fundo.
"Seu pedido, senhor."
"Ahhhh, aí sim! Eles gritam meu nome, eu não posso gritar de volta?" respondeu ele sarcasticamente a caminho do balcão, enquanto seu colega de mesa me olhava rindo como se não acreditasse no amigo. E, realmente, era inacreditável.

Agora vão me falar que cliente tem direito de reclamar por um serviço mal feito. E sim, temos esse direito. Mas, antes disso, qualquer ser humano no mundo tem direito a respeito. Você foi atendido mal? Chame o responsável, explique, oriente. Mas se correr atrás do que você merece e deseja implica em armar o barraco, subir o tom de voz e desprezar o trabalho do outro, repense. Sugiro até que primeiro pratique o exercício básico de respiração, que eu mesma fiz nessa situação. 

Se quiser arriscar ir um pouco mais além, crie o hábito da empatia. E nem precisa de muito esforço. Um "obrigado" olhando nos olhos já ajuda a perceber que, assim como você, ninguém consegue estar de bem com a vida ou muito menos com o trabalho todo dia. E quando você receber um "de nada", seja ele acompanhado por um sorriso ou por um olhar perdido, recorde-se de que pelo menos a sua parte foi feita. Sente e espere seu pedido consciente de que sua gentileza inevitavelmente vai gerar uma outra, e muitas vezes de maneira bem inesperada. Pode ser do próprio trabalhador que fará melhor seu trabalho numa próxima vez; pode ser de você mesmo, que passará seu dia mais leve e sem ressentimentos; ou até quem sabe de uma aspirante a escritora que estava na mesa ao lado esperando por uma história pra contar.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Ser feliz não é uma competição

Estranho como o ser humano realmente se acostuma com tudo nessa vida. 
Particularmente, tenho percebido muito como a gente está acostumado se cobrar demais e inevitavelmente sofrer quando não conseguimos corresponder a essas expectativas. Mas já pararam pra se perguntar daonde vem todas essas metas e objetivos impossíveis que gostamos de impor a nós mesmos? Por que tanto esforço? Por que parece que nunca é o bastante? Por que tudo tem que ser tão sofrido?

"Tenho que ser o melhor. Não quero decepcionar ninguém."

Temos medo de sermos menos do que outros esperam de nós. Temos medo de ser o que somos e isso contrariar a ideia alheia. Temos medo de sermos nós mesmos "demais". Mas tanto medo de algo que nem conhecemos direito me soa tão irracional quanto uma criança com medo de escuro no próprio quarto. Quando alguém finalmente acende a luz, o medo se dissipa, se perde, se racionaliza. A diferença é que a nossa luz interna só nós mesmos podemos acender. E que o caminho até lá parece inconcebível de vez em quando. 

Por outro lado, pode ter certeza: a situação e o medo uma hora ou outra vão passar. Mas você vai estar pra sempre acordando no mesmo quarto consigo mesmo. Não dá pra fugir da nossa própria presença. 
Então não custa nada tentar. 
Tente não esperar tanto de si mesmo. Não, você não vai deixar de sonhar alto. Sim, você vai continuar trabalhando duro pra fazer seus sonhos se realizarem. Só que sem pressão. Sei que você acha que precisa dela. Acha que ela é que te faz tirar a bunda do sofá e fazer sua vida acontecer. Mas pode parar de achar. Não tem problema. Solte as rédeas e abrace a si mesmo para perceber que não é a pressão, mas a sua infinita vontade de ser feliz que te move. 

Agora sim, pode segurar firme. Acenda a luz. E quando você menos esperar, o seu melhor lado, aquele mais determinado, apaixonado, consciente e forte, vai conseguir transparecer muito mais facilmente. Tudo que ele precisava era do espacinho na sua vida que o medo fazia questão de ocupar.

Desocupe sua mente do que não te faz evoluir e preencha com uma 
boa dose de eu-me-perdoo-por-não-ser-perfeito. Não garanto que seus resultados instantaneamente vão exceder sua expectativa ou a dos outros. Mas você não precisa mais ser o melhor de todos mesmo. Só precisa ser você mesmo, sempre evoluindo e aprendendo não importa a situação. E esse seu eu, sem dúvida alguma, te trará mais contentamento e felicidade do que o melhor de qualquer outra pessoa.
Ser feliz não é uma competição. É uma opção.