sexta-feira, 31 de maio de 2013

Em Casa

Algo me força a voltar pro Brasil. Só pode ser alguma confusão, moço, meu visto tá todo certinho. E eu nem vi o voo passar, como isso é possível?
Eu poderia pelo menos ter aproveitado o voo, mas nem isso. Simplesmente me jogaram nesse corredor interminável, enquanto eu tento apenas dar meia volta, pegar minhas malas e voltar pra Port Chester.
Eu nem vi a Estátua da Liberdade ainda! O Central Park, a Broadway, meu livro... Me dá uma chance, Deus!
Me deixa voltar, eu mereço isso. Eu preciso completar minha missão.
Me deixa, me deixa.
Please.

Acordo assustada do sonho que já é recorrente nessas duas semanas longe. Vejo as meninas dormindo, a tranquilidade do quarto e minha cama desarrumada. Beijo o travesseiro, abro uma frestinha da cortina de bolinhas, e assisto a luz da manhã entre as árvores da rua balançando no ritmo da brisa que anuncia o verão chegando.
Estou em casa. Obrigada, meu Deus.

domingo, 5 de maio de 2013

Broken Toy

Esses dias alguém pegou na minha mão. Procurou minha mão, pra segurar, entrelaçar os dedos e não largar até o fim da noite.
Mal tô acostumada a alguém me querer até o fim da noite, quem dirá de mãos dadas. Até porque não deixo minha mão aí pra quem quiser pegar. Depois de um tempo, cada vez menos minhas mãos ficam à disposição de qualquer um que se aproxima. O beijo acontece, segue instintos e se sacia. Mas as mãos... elas dizem mais do que parecem. Elas dão o apoio, não deixam o outro partir, mostram que tem alguém do lado que não vai sair dali também.
Isso deveria ser reconfortante, certo? 
Me assustei.
Chego a pensar que sou quase como um brinquedo quebrado; não sei mais dar mão, não sei mais como me entregar ou como acreditar da mesma maneira que muita gente faz. É como se tivesse algo funcionando errado em mim, respondendo errado a um estímulo externo.
Finalmente, hoje estou aprendendo a lidar com meus próprios estímulos. E colocar todo esse entendimento interno em zona de risco por conta de outra pessoa simplesmente me faz correr para outro lado do mundo.

Tudo tem seu tempo, lugar e pessoa. E só Deus sabe como é triste pra mim, a eterna romântica, dar as costas. Mas este não é esse momento. 
Quem sabe em outro tempo, lugar, pessoa. Quem sabe quando eu me sentir outra pessoa.
Mas agora... sinto muito. Mesmo. 
Preciso de mim mesma inteira. Preciso ir a procura das peças que podem estar faltando em mim. E quem sabe renovar outras antigas. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Carta ao Ex

O céu azul mais brilhante do mundo, cercado por um horizonte do mar que eu mais conheço na vida, com meus pés leves na areia da praia. Minha música favorita toca, e não consigo segurar o sorriso. Que vira riso. Que vira lágrimas e me transborda de felicidade. 
Não trocaria esse momento, esse lugar, essa minha pessoa por nenhuma outra. Estou exatamente onde eu gostaria e deveria estar.
E essa felicidade toma proporções ainda maiores justamente por eu saber que o caminho até aqui não foi fácil. E eu sei que você faz parte desse caminho, Luis.

Com você do meu lado, nunca vi ninguém mais apaixonado por mim. Eu achava que uma das Top3 certezas do mundo era que você estaria sempre ao meu lado, com o nosso futuro traçado e acertado. Daí você tirou de mim supostamente tudo que eu tomava como certo e meu. E vi minha base tremer, juro. Não tinha mais planos, não tinha mais visão, não sabia do que ia me acontecer. Tudo que havia sido construído não fazia mais sentido.
Mas daí, depois de chorar entre as rachaduras do chão em que eu me deitei, tirei os olhos do meu quadrado e olhei a construção à minha volta. Não era bem aquilo que eu queria pra mim. Minha estrutura estava comprometida, não tinha como suportar tudo que eu sonhei construir, nem com você nem com ninguém. A edificação estava fadada a ruir, de um jeito ou de outro. Eu iria ruir.
E tudo por causa de uma ilusão minha em achar que é possível construir qualquer coisa com base em supostas certezas, como se elas realmente existissem.
Então, na verdade, você fez exatamente o contrário: você abriu meus olhos. Se você não tivesse abalado minha estrutura, eu ainda acharia que eu estava super bem e feliz e no caminho certo. Não estava. Me enganei achando que você tirou algo que me pertencia. Mas você só me deu algo que eu precisava desesperadamente e não sabia: a incerteza.
Só com as minhas certezas vindo abaixo que pude ver que a felicidade não está no que eu sei. A felicidade está em tudo que eu ainda não sei e tudo que eu ainda quero aprender. As possibilidades são infinitas.
Sim, ainda não tenho tudo acertado na minha vida e nem sempre essas possibilidades vão ser maravilhosas.
Mas hoje, mais do que nunca, confio na minha capacidade de que, de um jeito ou de outro, vou saber superar todas as dificuldades. E se não der... Bem, vou sorrir, sem certezas, sem reservas, sem querer querendo.
Por isso, de verdade, de coração...obrigada, Luis.