sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ao Máximo

Quem me conhece ou já leu algo do meu blog sabe que a intensidade é uma parte importante da minha personalidade. E dá pra afirmar que, de certa forma, por muito tempo ela também foi um estilo de vida pra mim. Sempre quis viver e aproveitar ao máximo cada momento da minha vida, totalmente entregue às minhas emoções.
Sou muito grata a todos os momentos intensos que vivi, sejam eles extremamente deprimentes ou incrivelmente felizes. No fim, tudo é lição.
Mas justamente por ter aprendido alguma coisa, hoje parei pra pensar. Cara, minha vida inteira parece ter sido um teste de quantas pessoas, lugares, sentimentos e experiências cabem num coração só. É tanta coisa que me sobrecarrega se fico pensando demais sobre isso, sabe.
Mas respiremos fundo pra continuar. 
Os momentos que fizeram com que eu reconstruísse meus valores e expandisse minhas ideias foram aqueles de equilíbrio. Sóbria, de olhos abertos e sentidos aguçados, foi mais fácil interpretar os sinais que me indicavam o caminho a ser seguido e todas as maravilhas em volta dele. Embriagada das minhas emoções, o coração batia forte, mas deixava a visão turva e e não me permitia ver qualquer coisa que fosse além da dor, da raiva, do amor ou da euforia que eu sentia.
E sentir por sentir... isso já conheço.
A novidade pra mim hoje é o sentir consciente."Aproveitar ao máximo" ganhou um novo significado pra mim. De verdade, o tal "máximo" não acontece no campo dos meus sentimentos, e sim na minha percepção. 
Com consciência desperta, sou capaz de entender a mim mesma e tudo à minha volta com um bem-estar que vai além de qualquer sentimento ou emoção momentânea. É como ter estado cara a cara com Deus a sua vida toda, e só agora você consegue tirar a venda que cobria seus olhos.
E enxergar.
Sou então meu verdadeiro eu.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Coração e o Verbo

Meu coração virou pedra de uns tempos pra cá, é isso?
Não sei dizer...
Ainda choro assistindo Notting Hill pela septuagésima vez.
"I'm just a girl, standing in front of a boy, asking for him to love her."
Adoro ouvir o carinha lindo-tudo-de-bom dizendo meu nome, em qualquer contexto.
"Tudo bem, e com você, Grazi?"
Fico babando nas mãos do Thiago Lacerda segurando o rosto do parzinho dele na novela das seis.
"Ninguém pode nos separar, Célia. Nunca."
Comemoro com palminhas de emoção quando uma amiga se apaixonada. E é correspondida.
"Grazi, calma. Até parece que é você que tá curtindo ele."
Mas... 
Não me derreto mais só porque um cara me trata que nem princesa.
Na verdade, ultimamente prefiro que me trate mais como mulher.
Não me encanto mais por um rostinho bonito. Me pego procurando o que se esconde por trás de cada sorriso.
E não me apaixono mais cegamente. Mantenho olhos bem abertos, quase com medo de piscar e acabar perdendo algum detalhe.

E vai ver tudo bem se sentir assim. 
A gente muda um pilar, uma parede  ou um tijolo de lugar, e toda a construção pode se transformar em algo bem diferente. 
Não tem como aprender a lição a partir de uma experiência sem gerar mudanças. E mudanças que às vezes podem comprometer estruturas de valores que aparentemente não tem nada a ver com isso. 
Mas tudo isso sou eu. Algumas certezas, umas tantas incoerências, várias contrariedades.
Até que a contrariedade se contrarie. E eu aprenda ainda mais. E mude de novo e de novo e de novo.
Sou a cada dia mais verbo e menos substantivo.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Carta ao Encantado

Querido Príncipe Encantado,

É só eu relaxar pensando que estou tranquila de novo, que você vem e coloca um monte de caraminhola na minha cabeça. 
E eu ainda acredito...


Fica dizendo que vai entender as minhas loucuras e me acompanhar nas minhas aventuras.
E que vai me provar que o cara que gosta de ler e dançar comigo realmente existe.
Mas na hora que eu chamo teu nome durante o sono... cadê?
Então você se desculpa, diz que tá demorando mais do que achava. Mas que é tudo só pra me encontrar no final.
E me pede pra esperar tranquila, que já tá a caminho.
Mas quando a festa termina, e só o que sobra é o calo no meu pé e a sujeira pra limpar... cadê?
Daí quando eu viro as costas, decidida a ir embora, você pega minha mão e me derrete: "vai desistir tão fácil assim de mim?".
E se a frustração transborda dos meus olhos cansados de te procurar, você toca aquela música que não me deixa esquecer de como é bom sonhar com você.
Mas quando abro os olhos pra realidade... cadê?

Cansa acreditar em algo que tá sempre inventando desculpa, Encantado.
Então pode tirar o cavalinho da chuva, larga essa pose toda e vire homem.
Porque eu já cansei de engolir sapo.
Eu mereço bem mais do que isso.
E é nisso que eu escolho acreditar agora.

sábado, 7 de dezembro de 2013

"Ogros são como cebolas; nós temos camadas!"

... disse aquele ogro verde e gordo. E dou toda a razão a ele, inclusive em relação a nós humanos que passam longe de qualquer animação de contos de fadas. 
A gente se esconde por trás de muito orgulho, muita pose, muita ostentação. Mas essa fachada uma hora cai, e a gente cai junto. Tudo por causa de besteira, na real. Então levanta, mantém o queixo erguido e sai andando como se nada tivesse acontecido, certo?



Mas quando bate a crise de ansiedade ou aquela sensação de que você é a última bolacha do pacote, fica difícil ignorar nossas inquietudes, medos e dúvidas. Mas ainda é tudo besteira, certo? Não merece atenção. Então deixa eu me empanturrar de chocolate, beber até cair, perder meus sentidos e esquecer que sequer um dia me senti daquele jeito.
E, claro, você é livre pra fazer tudo isso. Pode entorpecer seus sentidos, perder a noção de si mesmo, esquecer da vida... mas teus sentimentos mais profundos não esquecem de você. Porque eles nunca deixam de existir assim. Eles sempre vão voltar a te tirar o sono.
Então, uma hora ou outra, a gente também tem que se sentir livre pra parar, mandar o mundo em volta calar a boca, olhar pra dentro e se perguntar honestamente:
"E aí, como que você tá hoje?"
E se escutar com cuidado.
"Tenho medo de ficar sozinha."
"Não me acho boa o bastante pra isso."
"Não acho que mereço ser feliz assim."
"Eu gosto de ficar triste, e daí?"
Me espanto com as respostas que meu coração me dá, que variam muito de acordo com o dia. Mas depois que aprendi a ouvi-lo, também aprendi que ignorá-lo dói muito mais.
Porque tudo bem ter medo. Tudo bem não se achar merecedor do que você deseja. E esses sentimentos merecem atenção sim. Acima de tudo, eles merecem receber a luz de aceitação e perdão que brilha do teu centro, através de todas essas camadas, a partir de quem você é de verdade. 
Você é maior que tudo isso. Por dentro, nesse centro, somos todos perfeitos. Na verdade, talvez a maior besteira esteja em pensar que somos imperfeitos; que somos os nossos medos, as nossas inseguranças ou as nossas fraquezas. Não somos. Somos o quê nos mantém de pé. Somos o quê nos faz acordar todos os dias de olhos e coração abertos.
Eu sou a minha esperança.
Eu sou a minha intensidade.
E sou a minha persistência.
Eu sou o meu amor.