segunda-feira, 31 de março de 2014

Estar solteiro é bom demais; namorar é muito bom.

Fazer seus próprios horários sem depender de ninguém mais é ótimo.
Ter uma companhia certa pra um filme certeiro num domingo chuvoso é delicioso.
Ter tempo pra si mesmo, seja pra fazer as unhas ouvindo Taylor Swift ou passar horas trancado no quarto sem se preocupar com nada além de si mesmo, é perfeito.
Poder cuidar de alguém como se você mesmo, seja só segurando a mão ou fazendo aquele cafuné por horas, é um privilégio.
Aproveitar seus amigos, sem restrições ou preocupações com a hora de chegar em casa ou com o celular tocando a qualquer momento, é libertador.
Chegar em casa e ter um colo te esperando pra dormir, mesmo que só com um pézinho enroscado no teu quando ninguém mais conseguir ficar de conchinha, é reconfortante.
Ter liberdade pra sentir e fazer o quê bem entender, quando bem entender, é maravilhoso.
Ter alguém com quem contar pra o que der e vier, faça chuva ou faça sol, é incrível.

Será que esse é o nosso destino? 8 ou 800? 
De relacionamento versus liberdade, só um pode sair vencedor?
Ou será que é possível ser de alguém, mas sem deixar de ser livre?
Às vezes acredito que sim. Às vezes desacredito e fica claro que não.
Mas entre tantas perguntas meu coração ainda encontra espaço pra ter esperança. 
Quem sabe, em algum lugar do universo, tem alguém que possa me mostrar que, entre o sim e o não, existe um mundo de possibilidades a ser descoberto.
E, melhor do que qualquer pró ou contra, será infinito.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Meninos Perdidos

Você saiu de casa. Passou na faculdade, mudou de cidade, deixou a família pros fins de semana e feriados.
Mas os planos deram errado. A cidade ficou grande demais, os sonhos diminuiram, a grana apertou.
E no fundo até foi algo bom. Há anos você já sentia saudades de casa.
Toda vez que você pegava a estrada de volta a cada 2 ou 3 meses, era a melhor sensação do mundo. A família inteira te recebia de braços abertos, a comida da mamãe já te esperava no fogão, e, só de ver a tua cidade natal, uma sensação familiar envolvia os braços ao teu redor dizendo "vai ficar tudo bem. Você está em casa."
E essa mesma sensação se repetiu agora, na sua volta definitiva por tempo indefinido.
Mas a primeira semana passou, e você não reconhecia mais tão bem teu quarto. Daonde surgiu tanta bugiganga? Cadê meu livro preferido da quinta série? Esse ainda é meu armário?
O primeiro mês passou, e você começou a cansar dessa história de ter horário pra tudo. O que você vai fazer hoje? Mas tem que almoçar alguma coisa, filha. Como assim, não sabe a hora que vai voltar da festa?
Daí veio o segundo mês, e com ele também a saudade da novidade da cidade grande. Não tem nada de novo pra fazer nessa cidade? Por que todo mundo tem que se vestir igual? Por que eu me importaria com o quê os vizinhos pensam?
Quando você menos espera, já fecham 6 meses. E você mais do que nunca sente falta do teu espaço, dos teus horários e da selva de pedra que você deixou pra trás.
Você está em casa, mas ela não é sua. 
Você é bem-vindo, mas ainda se sente visita.
Nem tem coragem de deixar teu quarto com a tua cara. E se pega dizendo coisas como "quando eu tiver minha própria casa..." Mas também não faz a menor ideia de quando, onde ou como isso vai acontecer.
Mesmo sabendo onde você está, não muda muita coisa.
Você ainda se sente perdido.
Quantos passos pra trás vai ter que dar até você finalmente conseguir caminhar quantos passos bem entender no seu próprio caminho?
É difícil dizer, principalmente quando não sei o caminho a seguir. 
Enquanto isso, vai ver é melhor ir notando e anotando o quê não quero seguir.
Não quero deixar de ser livre.
Não quero me perder de mim mesma.
Não quero esquecer de quem eu sou, de onde passei e de onde eu sou.
Boa noite, Terra do Nunca. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

O Guia Tinder - Parte 2

Há um tempo, eu descobri o Tinder. Como qualquer boa solteira curiosa, usei o negócio até cansar os dedinhos de tanto deslizar da direita pra esquerda da tela do meu celular. E até escrevi sobre tudo isso aqui.
E daí eu comecei a cansar de verdade. Cansar de tanto você-pra-cá-você-pra-lá, de tanto esperar o cara responder a mensagem ou até esperar o cara, que já deu match, ao menos começar uma conversa.
Cara, é o Tinder. As pessoas supostamente entram lá porque fica mais fácil conhecer pessoas diferentes, qualquer que seja o relacionamento que elas estão procurando. E, ainda assim, mais uma vez, mesmo com toda a facilidade que uma ferramenta inteligente pode oferecer, as pessoas conseguem complicar.
Ou será que eu é que tô muito simples e direta? 
Tentem vocês também.

O Experimento Ruzzante para Tinder:
1) dê like em todos os caras que forem atraentes logo na primeira foto.
2) acumule muitos matches.
3) confira quantos desses matches vão render uma conversa.
4) confira quantas dessas conversas vão render um encontro.

Meus resultados foram claros: 10% de matches puxaram papo. 0% de conversas levaram a um encontro.
Pode ser muito azar da minha parte. Talvez a posição de saturno alinhada com vênus e a ursa maior não estava a meu favor. Mas a moral é que cu doce já me irrita na vida real, quem dirá brilhando na tela do meu celular a cada hora.
O resultado final foi que deletei o aplicativo do meu celular, mas ainda fiquei com toda essa complicação na cabeça, tentando entender porquê as pessoas ainda continuam usando aquilo.

Consegui resumir minha conclusão em algumas possibilidades:
a) Medidor de gostosura: você não vai ter coragem de realmente marcar de encontrar alguém totalmente estranho. Mas você quer saber se aquele total estranho te acha digno de um encontro. Todo mundo precisa de um empurrãozinho na auto-estima de vez em quando.
b) Irremediavelmente romântico: não importa quantas vezes o match vai dar errado ou dar em absolutamente nada. Você vai se manter firme e forte acreditando no amor/paixão/diversão noturna ao primeiro like. Vai que uma hora dá certo.
c) Deu, deu, não deu, não deu: você mantém seus likes ativos e deixa as fotos bonitinhas no perfil, mas... e daí? Se o cara responder, ótimo. Não respondeu, ótimo também.
d) Esperança é a última que morre: dá uma dor no coração só de entrar na balada e ver só gente torta em volta. Uma tortura. O Tinder, junto com os carinhas charmosos que você nunca vê na tua balada/cidade/país, dá uma esperança de que tem gente decente por aí e de que, não, você não está sendo exigente demais.

Depois de pensar sobre isso e baixar de novo o Tinder pra confirmar minha teoria, vou confessar que me pego pulando de alternativa a alternativa dependendo do momento.
Por outro lado, em todos os momentos tento ter a cabeça no lugar pra não me deixar esquecer que cada um é lindo à sua própria maneira, com um coração que no fundo não quer ficar sozinho e com um mundo cheio de possibilidades que vão muito além de quantas fotos, matches ou likes você acumular no seu celular.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Histórias e Escolhas

Nas muitas histórias que eu acumulo em mim, me lembro que em vários momentos eu pensei não ter escolha a não ser àquela que estava no meu raio de visão. Porém, repensando os fatos, hoje consigo lembrar exatamente do ponto em que eu desisti; do momento que eu achei melhor virar a mesa; e da hora que eu quis ter as coisas claras na minha vida. 
Ainda assim, no calor do momento, "não tive escolha."
Então me joguei num relacionamento. 
Ou fui morar num lugar diferente.
Ou também desisti de amar alguém.
É bonito pensar que a vida nos oferece certas oportunidades que nos "obrigam" a seguir certos caminhos. Algo tipo destino,  carma, ou seja lá o nome que você quiser dar.
Mas será?
Hoje percebo que eu sempre tive a escolha. O desenrolar das minhas histórias se resumiu sempre à minha decisão. 
É sempre uma escolha entre algumas várias, mesmo que não consigamos enxergar todas elas no momento de decisão.
O que nos permite enxergá-las ou não é justamente nossa percepção, que pode se aumentar ou diminuir de acordo com nosso grau de dramaticidade e auto-conhecimento.
Que tal, então, tirar a cabeça do copo d'água ou se permitir ser e fazer o que você realmente quer?
Quem sabe assim a gente perceba que o mundo não vai acabar por seguir um caminho e não outro; bem pelo contrário. Quem sabe assim a gente perceba que o mundo sempre vai nos oferecer inúmeras oportunidades para que alcancemos a felicidade, contanto que estivermos de braços abertos para isso.
Já aprendi algumas das minhas infinitas possibilidades e sei que ainda há muitas a serem descobertas. Mas o drama por vezes ainda me puxa pra baixo. 
Por isso, deito a cabeça no travesseiro no fim do dia e não tenho coragem de pedir mais nada à Deus além de perspectiva.
Que eu tenha perspectiva para ver as coisas pelo que são, não pelo que eu desejo; para enxergar com os olhos da alma o horizonte que meus olhos físicos não tem capacidade; e para perceber que a felicidade está sempre a uma escolha de distância.

sábado, 8 de março de 2014

Desconfortável

No período em que eu estava em NY no ano passado, resolvi realizar um desejo antigo: fiz três piercings na minha orelha direita.
O detalhe foi apenas que a moça da loja de tatuagens não conseguia fazer o terceiro e último furo parar de sangrar. Ainda que um bocado desconfortável, não senti vontade de chorar.
"Mesmo se doer, só significa que eu ainda estou viva", respondi quando minha irmã americana me perguntou se estava doendo.
Ainda no exterior, passei um bom tempo aprendendo com a solidão. Fui a lugares, shows e cidades na minha própria companhia, que, assim como meu furo na orelha, nem sempre era muito agradável. Mas o desconforto passava no instante em que eu o abraçava por inteiro ou no segundo em que eu me colocasse bem no centro da Grand Central Station.
Desde lá, havia sendo relativamente fácil encontrar meu próprio centro quando batia alguma pulga atrás da orelha ou qualquer outra coisa que me deixasse entre o dormir e acordar no meio da noite. Eu já conhecia a sensação. Eu me aceitava. Ia ficar tudo bem. Estava tudo bem.
Mas ultimamente não era o que estava acontecendo. Me peguei abrindo a geladeira sem motivo, andando sem rumo pela casa e correndo sem controle dos meus pensamentos. E o mais frustrante disso tudo é que eu achava que já tinha passado dessa fase. Achei que já tinha me acostumado comigo mesma, que já tinha me entendido e aprendido a viver sozinha.
Mas vai ver eu também não sou mais a mesma. Vai ver eu mudei, como é normal e saudável todos nós mudarmos de tempos em tempos.
Então, nada mais normal e saudável do que se sentir meio/totalmente inquieta de vez em quando. Porque o desconforto nem sempre é um sinal de que não aprendemos uma lição; simplesmente há uma nova a ser aprendida para que algo novo se realize. 
Como tudo na vida, nós também estamos em constante mudança. Como tudo na vida, não é bom nos acostumarmos demais com nós mesmos. Quanto maior o costume ou a acomodação, mais desconfortável ou até doloroso será o poder implacável que a mudança terá na vida de todos nós.
No dia em que eu não tiver que lidar com mais nenhuma inquietude, quando eu entender todos meus pensamentos ou assim que eu me entregar à minha zona de conforto... já não posso me considerar realmente viva.
E estando tranquila ou inquieta em mim mesma... damn, it feels good to be alive.
É bom demais estar viva.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Paixão de Prateleira

Numa dessas conversas de praia, entre casaizinhos celebrando o feriado e solteiros celebrando o carnaval, percebi que eu não era a única que não sabia rotular meus sentimentos.
"Eu gosto dele, mas não faço questão de fidelidade. Tenho carinho, mas também gosto de ser independente. Não preciso dele pra nada; mas quero quase toda hora."
Olhei fundo nos olhos da minha prima só pra confirmar o que meu coraçãozinho romântico já suspeitava.
"Prima, você está apaixonada."
Mas não era óbvio assim.
Desde o jardim de infância, sempre me venderam prontinha a ideia de paixão. Ela vem numa caixinha com um casal de mãos dadas na embalagem e tem como ingredientes principais intensidade, necessidade e loucura pela outra pessoa. Só acrescentar água fervente e esperar 3 minutos.
Mas depois de experimentar o produto algumas vezes, a coisa perde o gosto, sabe?
A novidade cansa. O gosto artificial não sacia. E o preço nunca, nunca fica mais baixo.
Pra quê comprar, então?
Se seguir todas aquelas regrinhas de jogos de amor não te satisfaz, invente as suas. Saia do esperado, reinvente seu ponto de vista.
Se fidelidade não te importa, jogue fora. Se ligar todo dia te incomoda, dispense.
O que importa é ser feliz e ter isso de acordo com o teu parceiro.
Merecemos todos nos relacionar de maneira única e individual, tanto quanto é a nossa relação com nós mesmos.
E o que vem enlatado, em filme romântico ou propaganda de margarina... melhor ir direto pro lixo mesmo.