quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Fora de Ordem

Esses dias lembrei do meu primeiro namoradinho, quando ele começou a se insinuar em relação a sexo. Na tentativa de me convencer, pelo ICQ, ele argumentou que o ato poderia nos deixar mais íntimos. Eu só tinha 14 anos e era bem virgem, mas já sabia que era besteira.
"Mas tá errada essa ordem! Primeiro vem a intimidade, depois o sexo."
Dez anos passaram, mas acho que algumas coisas a gente ainda confunde em que ordem vem.
Não quero impor ordem nenhuma a ninguém; não pode existir ditadura quando se trata de relacionamentos. Mas, quando eu vejo um casal que não tem confiança ou que não consegue ser um livro aberto um com o outro, me pergunto se a ordem dos fatores não poderia alterar o produto.
Comecemos pela pergunta clássica que costuma iniciar um relacionamento sério: "quer namorar comigo?"
Será que esse status é realmente necessário para nos relacionarmos com intimidade, confiança e sinceridade?
Claro, todo caso casual chega a um ponto onde é necessário esclarecer as coisas. Mas talvez essas coisas poderiam ser definidas apenas por um "eu te amo e quero estar perto de ti. E você?"
E então a intimidade pode se tornar tão natural quanto respirar. Sem drama pra falar de cólica ou até constipação. 
A confiança, tão fácil quanto não ter hora pra acordar num domingo. Sem surto pra sair com as amigas ou bater uma bola com os amigos. 
A sinceridade, tão óbvia quanto 2+2 = 4. Sem desvios, meias verdades ou mentiras.
E o "namorando" não faria mais diferença alguma, se tornando apenas um detalhe dentre as tantas vantagens em estar nesse relacionamento, tenha ele o status que vocês bem entenderem.
Mas se a pessoa do outro lado não corresponder ao teu sentimento... Aí sim é necessário repensar o status, mas o do teu relacionamento contigo mesmo.
Status: tratando a mim mesmo com cuidado e carinho, para então encontrar outra pessoa com quem possa compartilhar de verdade toda essa atenção e amor. 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Insônia

Como seria essa noite se você pudesse perceber todos os detalhes à tua volta? 
A gota que cai pela janela, a água que escorre pelo vidro, a chuva que une a cidade toda em uma só. Todas as luzes da cidade que se acendem e se apagam, todos os dias ruins e bons que ainda nem começaram no sono de cada um. Ou na ausência de sono de outros como você que mantém os olhos bem abertos. 
Insones, não vemos começo nem fim em nenhum dia, nem em nada, nem ninguém. Dormindo ou acordados, estamos todos infinitamente interligados numa rede invisível que às vezes nos isola, mas que nunca deixa ninguém pra trás.
Eu não sou você. Não te conheço. Nem sei se conheço a mim mesma. 
Mas sei de algo maior que nos faz olhar nos olhos de um amor, um amigo ou um desconhecido e confiar esse nosso pequeno frágil ser a um abraço. 
De olhos bem fechados.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Pensando Alto

Quem me conhece sabe: sou uma matraca.
E já aceitei isso sobre mim mesma. Abracei minha vontade de falar o que penso, de dar voz às minhas loucuras, manifestar meus sentimentos.
Mas ontem tentei um exercício diferente.
Ouvi muito mais meus pensamentos do que de fato os expressei.
No começo me senti estranha, como se não falar tornasse meus pensamentos menos reais ou sinceros. Mas logo senti algo diferente, até engraçado.
Observei tudo que me vinha à cabeça e como isso fazia me sentir. Cada hora uma coisa diferente, às vezes totalmente desconexa. Mas pensei e senti tudo sem pressa, sem querer validar nada, sem me cobrar nada. 
Ri das minhas loucuras passageiras, dos meus padrões, dos detalhes meus que fui descobrindo a cada pensar.
Conclusão? Eu penso de um jeito muito estranho. E diferente do que eu achava que pensava, ou do que os outros achavam que eu penso. Porque tem coisa que, por mais que eu tente, não cabe nas palavras, seja em mandarim, inglês ou português. Mas cabe em mim.
Se é verdade que nossos pensamentos acabam sendo uma das poucas coisas hoje em dia que ainda são privadas, sem foto de instagram ou corrente de facebook ou post de blog capaz de expressar fielmente... vai ver somos os únicos capazes de conhecer a nós mesmos de verdade. 
E nessa nossa cabeça de possibilidades e pensamentos infinitos, melhor ainda fazer isso com tranquilidade, aprendendo com cuidado tudo o quê nós mesmos temos a nos ensinar.
Mas caso alguém quiser se aventurar a tentar...
Oi, meu nome é Grazi. Penso sem medidas e sem nexo, mas sempre comigo mesma.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Amor Vendaval

Sou só eu que sinto que tem gente por aí desesperada pra estar num relacionamento?
Gente, eu sei. Eu sei de toda essa pressão social e interna que a gente se coloca, dizendo que o status "namorando", "casado", "noivo", "implorando pra que ele diga sim" vale mais do que o simples "solteiro". 
Mas vamos pensar bem. E bem na gente mesmo.
Por que outra pessoa tem que validar a minha felicidade própria? Por que estar num relacionamento me passa mais segurança e felicidade do que estar na minha própria companhia?
Não me levem a mal; eu também sinto falta de ter alguém comigo de vez em quando. Bate aquela hora da noite que faz falta ter alguém que não é sua mãe pra contar como foi o dia.
Mas todos meus relacionamentos em que eu depositei a minha felicidade no outro, num status ou numa falsa ideia de segurança, automaticamente minha felicidade se dissipou ou não se concretizou. Porque só a outra pessoa não tem o poder de transformar meu humor toda hora. Porque o status de o quê os outros pensam de mim uma hora dá no saco. E, acima de tudo, porque ninguém tem mais ou menos estabilidade na vida só por estar num relacionamento. 
O amor pode bater à porta quando menos se espera, claro. Mas também pode sair voando pela janela aberta no primeiro ventinho que bater.
Eu defendo sim o amor. Defendo quem se apaixona, defendo quem vive à dois e quem luta por um amor. Mas defendo muito mais quem, mesmo num relacionamento, não se perde de si mesmo, se questiona e busca o melhor que a vida pode oferecer. 
Sem medo de ficar sozinho.
E admiro de verdade quem entende que a felicidade à dois é linda, mas que a felicidade própria quando compartilhada é... sublime. 
Sem escapar pela janela.