quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

No Pain, All Gain

Por muito tempo eu segui aquela filosofia Nike de viver: se você quer resultados, tem que doer e deixar doer. Por isso eu me exercitava 2 horas por dia, e, se doía, é porque tava fazendo efeito. Também acreditei naquela propaganda de que é preciso forçar seus limites para expandi-los. Por isso acordava às 6 da manhã para suar pelo corpo todo e chegar ao meu limite em todos os treinos de CrossFit. 

Mas, na verdade, o que tudo isso fez foi colocar ainda mais dores e limites na minha cabeça. O meu valor próprio recaía ao meu tempo de treino e até à dor que eu sentia no dia seguinte. E isso se transferiu a todas as áreas da minha vida, de maneira que eu passei a associar sucesso a dor. Se qualquer conquista vinha sem dor,  era "bom demais pra ser verdade". Eu aceitava a dor como parte da minha rotina, só mais um compromisso na minha agenda.

Meu corpo até aguentou bem o tranco; foi a minha cabeça que não me deixou continuar. Já nem me lembrava da última vez que havia me olhado no espelho sem me sentir gorda. Já havia me acostumado a me sentir insatisfeita todos os dias. Isso me cansava mais do que qualquer corrida. Então resolvi jogar limpo e admitir pra mim que estava cansada de deixar que o meu valor próprio variasse tanto quanto meu peso na balança.

Com essa mudança de percepção, tive que conversar bastante comigo mesma. Me permiti sentir bonita, mesmo que não como eu imaginava. Me deixei sentir fome sem culpa, aprendendo ouvir o que meu corpo precisava. Aceitei que o exercício físico era um prazer na minha rotina, mas que eu não ia morrer se passasse uma semana sem ele.

Até ganhei alguns quilinhos durante nessa fase, mas já nem me importava tanto. Eu estava mais feliz, e todas as outras áreas da minha vida começaram a desabrochar junto com isso. Comecei a me perdoar pelas minhas falhas, e ficou muito mais fácil reconhecê-las. Deixei de me castigar pelos meus erros, e ficou muito mais fácil corrigi-los. 

Me peguei no colo e disse pra mim mesma que ia ficar tudo bem. E ficou.

Hoje, alguns quilinhos já até foram embora. Me exercito regularmente com Pilates e corrida e nunca me senti tão satisfeita comigo mesma. É verdade que muitas vezes tenho que me esforçar um bocado pra saltar da cama ou tirar a bunda do sofá, mas isso está longe de ser dolorido ou de forçar qualquer limite. Na verdade, tento manter em mente o resultado que quero ter em minha consciência, ao saber que estou cuidando de mim mesma com o carinho e a atenção que mereço.

Enquanto minha mente se mantiver aberta e em expansão, todos os limites são mera ilusão.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Parabéns, você tentou.

Depois de uma tentativa frustrada, o que não falta é frase clichê pra prêmio de consolação.
"Pelo menos você tentou" é uma dessas tristes que até fazem sentido, mas que não deixa de ser meio simplória. Ok, você realmente não saberia se era possível ou não sem arriscar, mas tem bem mais que isso por trás de uma tentativa. Se não tivesse, você não continuaria pensando nisso por tanto tempo, certo?

Tentar indica esforço para sair da sua zona de conforto e ir atrás do que se deseja. E por isso mesmo que muitas vezes o esforço tem que ser incrivelmente grande. É preciso coragem pra sair da zona de conforto. É preciso clareza pra saber o que se deseja de verdade. 

É preciso certeza para arriscar um movimento novo.

Mas se essa coragem for pura e a clareza for da essência, uma hora ou outra o "tentei" inevitavelmente se torna "consegui". A coragem não te deixa desistir; a clareza te mostra o aprendizado de cada tentativa. 

E vai ver um dia, um pouco mais a frente, a gente perceba que conquista maior não foi atingir ou desistir desse objetivo isolado na nossa mente. O propósito maior acaba ser nos mantermos fiéis a quem somos, ao quê queremos e aonde queremos chegar. 

Até chegar lá, ok, aceito o consolos alheios. Mas se querem realmente me ajudar, prefiro que digam "admiro sua coragem para se manter verdadeira consigo mesma. Não desiste não, tá?"

Tá.