quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Precisar, Querer, Amar

O ser humano tem um jeito bem bizarro de gostar.

Afirmamos gostar do nosso carro, mas não nos damos ao trabalho de dar uma revisão pro bichinho no tempo recomendado.
Juramos que gostamos de alguém, mas nem sempre lembramos de nos colocar no lugar dela com um pouco mais de empatia.
Falamos que temos amor e noção de valor próprio, mas isso se torna secundário fácil fácil quando nos dispomos a fazer qualquer coisa para agradar outro que também supostamente amamos.

Que jeito mais doente é esse de amar?

Amamos a sensação que nos passa no momento, a ideia que aquilo implica e nada além disso. Tudo reflexo do que achamos que nos falta, angustia e aprisiona, esperando que outro me complete, acalme e liberte por mim mesmo. Cegos pelo que achamos que somos e precisamos, somos incapazes de amar algo simplesmente por "ser".

Mal enxergamos o que somos, quem dirá outras pessoas ou até objetos.

Pra amar de verdade, é preciso primeiro fazer isso consigo próprio, por se enxergar de verdade e saber se apreciar por inteiro, principalmente pelas partes menos admiráveis. Aí sim dá pra pensar em apreciar os outros pelo que realmente são, enxergando todos os defeitos e qualidades que o fato de existir implica nesse mundo.

Somente quando gostar de algo não envolver minhas próprias necessidades, justamente por essas já serem reconhecidas e cuidadas por mim mesmo, o apreço ao próximo será possível. Então o cuidar será uma simples extensão de mim mesmo a um outro que é também uma pessoa única e individual, mas com quem desejo compartilhar e expandir um amor que já é infinitamente cultivado dentro de mim.

Porque, pra querer e amar alguém de verdade, é necessário primeiro precisar só de si mesmo.