sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cidade Baixa e Livre

Logo após o término do meu primeiro e longo namoro, tive que reaprender a fazer umas dez mil coisas sozinha. Entre elas, atravessar a rua. Confiando no meu par, nem me dava ao trabalho de olhar para os lados.
Então sozinha, aprendi novamente a olhar para os lados. E descobri um mundo incrível à minha volta.

Lembro que um dos meus primeiros passeios sozinha foi a um bar na cidade baixa de Porto Alegre. A sensação de andar sozinha naquela rua foi única. Todos os bares, pessoas, cheiros e gostos cercavam minha caminhada, que era minha. Eu finalmente era dona de mim. Poderia estar com alguém, poderia estar em outro lugar, mas estava ali, dando aqueles passos na companhia doce e eterna de mim mesma. Eu tinha sentido falta dela. Como uma mãe que reencontra o filho recém-nascido, o poder da escolha tinha sido devolvido aos meus braços.

O que eu senti e entendi naquele momento é que o único comprometimento que você tem no mundo é o de se fazer verdadeiramente feliz. Mas essa sensação de liberdade não era e nem é de libertinagem. É a consciência do seu eu mais profundo.
Pois com essa felicidade, aí sim, o seu mundo e consequentemente o mundo que te cerca fica mais completo. E melhor, sempre.

Um comentário:

.Djegovsky. disse...

"Confiando no meu par, nem me dava ao trabalho de olhar para os lados."

Isso que é entrega.