sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Tudo que você não pode ter

Por mais gratos que sejamos, sempre parece haver uma certa insatisfação no ar.

Minha carreira vai muito bem, mas a vida amorosa me traz pra baixo.
Sou feliz no meu relacionamento, mas odeio a minha profissão.
Gosto da minha rotina, mas só queria esquecer de tudo e ir viajar.
Adoro minha vida de viajante, mas sinto falta de um porto seguro.

São inúmeras as desculpas que usamos para buscar algo diferente do que experienciamos ou temos no presente. Mas a verdade de verdade é Proust que dá de bandeja: só amamos e desejamos o que não possuímos completamente. Não importa quão contente você esteja, basta entender que NÃO, você não pode ter aquela pessoa, carreira ou viagem agora, que BAM, isso é tudo que você quer.

Como podemos tão descaradamente boicotar nossa própria felicidade?

Por conta de um momento, um aspecto da nossa vida, todos os outros parecem um pouco menos coloridos, significantes e importantes. O sentido de um momento que você tem por completo hoje se perde em meio a todos os outros que você não tem, pelo motivo lógico de que é impossível ter tudo ao mesmo tempo.

Mas você sabe disso. Você já se percebeu. Então agora a escolha é sua.

Larga a soberba. 
Deixa de acreditar que a felicidade pertence a quem tem tudo, de uma vez só, sem medidas, sem momento. 
Esquece. 
Aceita que a felicidade é de quem aprecia tudo de melhor que o presente tem a oferecer, ao mesmo tempo que se permite sonhar com um futuro ainda melhor e mais brilhante.

Então aproveita tudo que vem, um segundo de cada vez. Nem sempre cada segundo vai parecer ter um propósito incrível na sua vida, mas acredite: sempre terá. E quando você olhar pra trás, quem sabe, toda uma trajetória infinitamente grata e feliz pode ter sido construída por esses pequenos presentes, um infinito de cada vez.

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