segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Porto

Passei esses últimos 10 dias revisitando Porto Alegre.
E revi todos meus lugares.
Andei pelo centro da cidade, meus pés já sabendo aonde cada rua daquele labirinto me levaria. Memória involuntária.
Vi as pessoas andando em passos apressados entre as paradas de ônibus da Salgado Filho e me deparei com a minha antiga pressa. Pra quê mesmo?
Parei na frente do meu antigo apartamento, me perguntando se a pessoa que ocupava agora aquele espaço sabia do tanto que foi vivido ali. Vivido demais.
Passeei pela Rua da Praia e me perdi entre tantos segredos que a rua me contava a cada esquina. Coisas que nem eu sabia.
Parei na minha igreja branca e me pus de joelhos na escadaria. Lágrimas no rosto.
"Me perdoa, mãezinha."
"Pelo o quê?"
"Por ter ido embora. Não fui forte o bastante pra ficar."
"Tu nunca nos abandonou, filhinha. E nem nós".
E os lugares não eram mais "aqueles meus lugares". 
Justamente por amá-los tanto, escolhi libertá-los. Eles são tão especiais para mim que não merecem ser lembrados e experienciados simplesmente como lembranças. Eles são vida, força e movimento dentro de mim. Só podem merecer então mais vida, mais história, mais sorrisos.
Limpei os vidros dos meus olhos com sabão anti-memórias e passei novamente por todos esses lugares.
Outra Grazi. Outros lugares. Ainda assim, Porto Alegre.
Ah, Porto Alegre... Eternamente minha.

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