quarta-feira, 16 de abril de 2014

Encontro

Quando lembro de rezar uma prece antes de dormir, o pai-nosso acaba sendo uma das mais simples e fáceis de lembrar. Mas, quando eu chego na parte do "seja feita vossa vontade", alguma coisa me impede de chegar firme até o "amém". Porque nem sempre faz sentido.
Se a vontade d'Ele deve ser feita e não a minha, por que eu tenho desejos?
Melhor abrir mão da minha individualidade e calar e reprimir de vez meus desejos?
No fim das contas, adianta alguma coisa desejar?
Meditei hoje buscando respostas, tentando entender não só o quê desejo, mas porquê desejo.
Quero uma casa, uma viagem, um amor, uma família, um trabalho lindo, um carro, uma conquista, uma... felicidade. Tudo isso que eu quero tem por trás o princípio simples e básico de ser feliz. Mas me pareceu meio triste colocar nossa felicidade no "quando eu tiver", "quando eu for" ou "quando eu fizer". Nada agora, tudo amanhã. E, ao mesmo tempo, tudo pra ontem.
Por isso, resolvi experimentar diariamente o "eu sou". 
Busco agora as ferramentas para alcançar a felicidade dentro de mim, sempre ao meu alcance. E no momento em que eu atinjo meu ponto de gratidão e contentamento, percebendo o privilégio de estar viva em tudo que há em mim e à minha volta, a felicidade flui como rio que segue naturalmente seu curso até o mar. 
E, a partir desse contentamento natural, a ansiedade silencia, os impulsos se dissipam, e o essencial vem à tona. Meus desejos passam a ser não mais o reflexo dos meus medos e anseios, mas de quem eu realmente e profundamente sou. 
Meus verdadeiros desejos são então a manifestação do que me aproxima mais de mim mesma e dos outros. É uma partícula pequena, porém única e essencial para o todo. E ninguém pode me ensinar como ela é ou me levar até ela; só eu mesma posso descobrir.
E de tão pura e bonita, vai ver essa partícula é Ele em mim e também o que Ele deseja de mim. 
Finalmente, nossos desejos são os mesmos. Meu trabalho está apenas em desobstruir o caminho que leva a esse encontro.

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