sexta-feira, 11 de abril de 2014

Obrigada

Uma das coisas que eu tenho tentado praticar diariamente é gratidão. Não que eu não fosse grata há um tempo atrás, mas era uma prática que eu guardava mais pras minhas conversas de travesseiro antes de dormir.
Mas pra quê esperar o dia todo pra ser grato por um momento?
Lembro de todas as vezes que tive que acordar uma hora antes e esperar no frio pelo ônibus, e agradeço pelo carro quentinho à minha disposição.
Repasso todas as vezes que me forcei a sair da cama sem nem querer abrir a janela, e agradeço pelo dia começando feliz mesmo que às 7 da manhã.
Recordo de todas as vezes que só queria ouvir a voz da minha mãe dizendo meu nome, e agradeço por ouvi-la me chamando até pelos apelidos mais embaraçosos.
Tudo que eu passei me ajudou a colocar as coisas em perspectiva, para entender e acreditar que sou privilegiada por estar onde estou.
Mas, agora, penso duas vezes e acho injusto agradecer por algo bom só pela comparação com o pior.
Agradecer por um momento só porque ele poderia estar pior é como aproveitar aquela refeição maravilhosa do seu prato preferido só porque tem crianças na África que tem muito menos que isso. O agradecimento acaba se tornando um reflexo da culpa que eu sinto por não poder fazer nada por quem passa fome, que até tira um pouco do gosto da comida. Sim, ter essa perspectiva é importante, mas não é ela que deve imperar sobre a gratidão. 
Cada momento, seja ele "bom" ou "ruim" deve ser vivido em plenitude, com consciência do que está sendo vivido e porquê. Sem culpa, mas sim com a consciência de que tudo tem algo a ensinar.
Então abaixo o vidro das janelas do carro, ligo o rádio e canto como se não tivesse mais ninguém em volta.
E abro os olhos pela manhã, espreguiço o corpo e abro um sorriso dizendo a mim mesma que esse será um dia bom.
Ou largo o celular, a tv, o laptop só pra saber como foi o dia mais comum-nada-de-mais da vida da minha mãe.
A minha gratidão é condicionada pelo apreço que tento colocar em tudo que faço, por entender que toda situação me oferece algo que eu preciso para construir minha própria felicidade, que aí então pode se espalhar para outros à minha volta.
O "bom", o "ruim", o "pior" ou o "melhor" é só uma questão de percepção.
Hoje percebo que todo sentimento, sensação ou situação está a meu favor.
E sou grata por estar viva.

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